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FELIPE EUGÊNIO DA SILVA
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Negros em território de brancos: Urbanidade, permanências e apagamentos em torno da Irmandade do Rosário dos Pretos na Cidade da Parahyba Séc. XVIII-XX.
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Orientador : IVAN CAVALCANTI FILHO
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Data: 22/12/2023
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Hora: 09:00
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A presente dissertação aborda, a partir de uma investigação histórica, o resgate da memória da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos na conformação do espaço urbano e produção arquitetônica na Cidade da Parahyba, atual João Pessoa. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos figurou no primitivo núcleo urbano da cidade, até a segunda década do século XX, como um dos seus principais exemplares da arquitetura religiosa colonial. O monumento edificado pela Irmandade de mesmo nome tornou-se vítima do chamado progresso que vigorou no período da Primeira República, caracterizado pela modernização das cidades brasileiras, cujo aspecto paisagístico de viés ainda colonial estaria passível de ser suplantado através da demolição de exemplares edificados, assim como por novas propostas de apropriação dos espaços públicos. A demolição da Igreja do Rosário dos Pretos e a considerável escassez de registros documentais acerca do seu aspecto arquitetônico contribuíram, de certo modo, para o esquecimento da passagem da Irmandade do Rosário na cidade, e o consequenteapagamento histórico do seu principal legado material, das suas expressões imateriais enquanto formas de apropriação do espaço urbano e, por conseguinte, do desenvolvimento urbano da Cidade da Parahyba com destaque à população negra. O presente trabalho busca, através de uma perspectiva histórico-documental, sistematizar as contribuições e efeitos impressos na paisagem a partir da permanência deste grupo, considerando a atuação da Igreja com relação à dinâmica fundiária, às problemáticas em torno da população negra no cenário colonial, bem como o conjunto de relações desenvolvidas entre agentes específicos e suas implicações para a conformação do espaço urbano. Intenta-se ainda remontar, a partir de dados coletados em acervo cartográfico, iconográfico e jornalístico de época, assim como a partir de outras igrejas da Irmandade em questão, a produção arquitetônica desenvolvida pela Irmandade dos Pretos na Cidade da Parahyba.
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JOSEBIAS COSTA DO NASCIMENTO NETO
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SACRA ET PROFANA: PERMANÊNCIAS E TRANSFORMAÇÕES NO PÁTIO DE SÃO PEDRO EM RECIFE-PE
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Orientador : MARIA BERTHILDE DE BARROS LIMA E MOURA FILHA
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Data: 20/12/2023
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Hora: 13:00
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O presente trabalho se desdobra no campo do patrimônio cultural pernambucano na expectativa de trazer contribuições acerca da inserção de manifestações populares em ambientes pré-estabelecidos como hieráticos. O pátio de São Pedro foi elencado como objeto empírico deste estudo, buscando inserir esta pesquisa no debate sobre as permanências e transformações que ora descaracterizam e desvalorizam um bem patrimonial, mas ora redefinem o significado e os valores que asseguram que o bem se mantenha representativo para a sociedade. A partir destas observações e reflexões, se chegou ao objetivo geral da investigação que é: tendo por ponto de partida e referência os valores elencados nos processos de tombamento que decretaram a Igreja Concatedral de São Pedro dos Clérigos e o seu respectivo pátio, como patrimônio nacional, verificar o que ainda assegura, hoje, sua condição de patrimônio cultural de reconhecida significância para a cidade do Recife. Portanto, se tenta entender como o pátio de São Pedro, entre permanências e transformações, sobreviveu e se transformou ao longo desse tempo de tombamento, sem perder seu caráter enquanto patrimônio do Recife. Através de uma abordagem histórica, descritiva e analítica-interpretativa visa atingir o objetivo de revisitar os valores e significâncias atribuídas ao pátio de São Pedro em seu tombamento, além de observar as mudanças e permanências de sua dinâmica de uso e de sua morfologia e imagem. Esta investigação se desenvolve metodologicamente sobre três dimensões indissociáveis: histórica, espacial e simbólica com a finalidade de compreender como e porque o pátio permanece como um polo de atração para as manifestações culturais recifense, que embora mutáveis ao longo do tempo, têm dado sustentação à preservação desse espaço urbano. As discussões apresentadas trazem duas principais contribuições: a primeira nos oportuniza entender o referido pátio sobre diferentes óticas de análise, evidenciando, dessa maneira, que a perspectiva da conservação desse lugar reside nesta relação entre o patrimônio edificado e o imaterial; em segundo, é observado a construção de uma narrativa produzida por muitas mãos, em seus respectivos tempos em que congregam-se no mesmo espaço essa pluralidade de significações do que vem a ser categorizado como parte da identidade cultural da cidade do Recife contada por sua história e arquitetura.
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APOENNA CAETANO LIMA
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Em busca do Conjunto Paulo Freire: uma construção historiográfica
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Orientador : MARCIO COTRIM CUNHA
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Data: 19/12/2023
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Hora: 09:00
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Este estudo compila aportes históricos sobre práticas ligadas à atuação do Estado, de técnicos e de organizações populares em uma construção historiográfica - de várias possíveis - do Conjunto Paulo Freire. O objetivo da pesquisa é elaborar uma versão histórica que complemente o panorama predominante identificado nas produções que abordam essa obra de moradia social mutirante e autogerida. Para tanto, se estruturou um percurso metodológico que se apoia no entendimento da abordagem historiográfica genealógica de Michel Foucault, bem como a de montagem por Paola Berenstein Jacques. O trabalho se divide em duas partes. A parte I descreve a perspectiva histórica predominante, registrada em documentos e produções que narram os eventos que culminaram no Conjunto Paulo Freire. A parte II apresenta uma perspectiva mais elástica, construída com base em duas trajetórias que despontam da produção do conjunto: a trajetória da formação e a da técnica construtiva. Para tal, recorre-se a aportes elaborados sobre experiências latino-americanas que ocorreram a partir do segundo pós-guerra e se relacionam com os aspectos mapeados na parte I. O percurso, montado a partir dessas entradas, levou a pistas que conectam o objeto de pesquisa a eventos passados que foram pouco relacionados ou sequer nomeados em versões anteriores dessa historiografia.
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DIOGO GOMES PEREIRA BATISTA
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QualiCiclos - Índice de Adequabilidade Cicloviária: uma proposta metodológica multidimensional para avaliação e planejamento de vias cicláveis
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Data: 12/12/2023
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Hora: 08:00
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A mobilidade cicloviária possibilita diversos benefícios socioeconômicos e ambientais para a sociedade e o meio ambiente. Para tanto, a avaliação do desempenho viário, com ênfase na segurança e conforto, é um elemento de importância crucial para o planejamento do transporte por bicicleta. Além disso, é essencial considerar a percepção dos usuários e os diversos tipos de configurações espaciais. O objetivo geral desta tese é desenvolver uma proposta metodológica para avaliação do nível de serviço para bicicletas aplicável a interseções, cicloestruturas e segmentos viários, considerando indicadores de adequabilidade cicloviária e a percepção de ciclistas e experts em ciclomobilidade. Os procedimentos metodológicos foram divididos em: (I) síntese de indicadores, através de uma revisão sistemática da literatura; (II) percepção de ciclistas e experts, através de questionários online e entrevistas para definir a importância dos indicadores, usando o Método dos Intervalos Sucessivos e simulações em vídeo; (III) estudo de caso em João Pessoa-PB, através do levantamento de dados, modelagem e aplicação do índice modelo, além da análise de correlações. Os principais resultados da etapa (I) apresentaram uma síntese de 30 modelos de avaliação cicloviária, com mais de 40 tipos de indicadores para análise de seus efeitos e aplicabilidade. Na etapa (II) obteve-se como resultado uma classificação dos indicadores chave, entre eles a Presença de cicloestrutura, Volume e Velocidade de veículos motorizados. Na etapa (III) foi apresentado o QualiCiclos Índice de adequabilidade cicloviária, o qual possui 4 categorias (infraestrutura, sinalização, tráfego e ambiente), 16 tipos de indicadores elencados para 3 subíndices de acordo com as unidades de análise (interseções, cicloestruturas e segmentos compartilhados). A aplicação do QualiCiclos foi realizada a partir de configurações viárias representativas da malha cicloviária e em torno de um polo gerador de viagens (UFPB) e suas rotas de conexão entre bairros. Os resultados apresentaram uma análise sob diversos níveis de pontuação, desde a unidade espacial até o conjunto de espaços avaliados, revelando, principalmente, níveis de adequabilidade insuficientes ou suficientes (no limite). Por fim, observou-se uma boa correlação entre as métricas do índice e a percepção dos usuários. Nesse contexto, busca-se contribuir avançando conceitualmente e metodologicamente acerca do tema, fornecendo um instrumento robusto de auxílio ao diagnóstico e planejamento cicloviário. Além disso, retratar uma série de questões pertinentes sobre a conjectura de fatores de adequabilidade cicloviária para o contexto brasileiro e condicionantes das interseções, cicloestruturas e segmentos viários. E assim, fomentar o uso da bicicleta e seus benefícios para uma mobilidade urbana mais sustentável.apresentados os resultados e uma discussão de dados interrelacionados. Desse modo, busca-se contribuir com um panorama e desenvolvimento conceitual e metodológico sobre o tema, fornecendo um instrumento robusto de auxílio ao diagnóstico e planejamento cicloviário. Além de retratar uma série de questões pertinentes sobre a conjectura de fatores de segurança cicloviária para o contexto brasileiro e condicionantes das interseções viárias, inclusive através de uma contextualização real sob a aplicação piloto do modelo proposto.
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YANNA KARLA GARCIA SILVA
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O LUGAR DO
POSSÍVEL: AVALIANDO A HABITABILIDADE URBANA DOS VAZIOS URBANOS NO BAIRRO TAMBIÁ, EM JOÃO
PESSOA-PB
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Orientador : MARCELE TRIGUEIRO DE ARAUJO MORAIS
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Data: 11/12/2023
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Hora: 14:00
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O objeto de estudo aqui apresentado são os vazios urbanos
centrais localizados no bairro Tambiá, na cidade de João
Pessoa- PB. A dissertação procura identificar e caracterizar os
vazios urbanos do recorte espacial, assim como refletir sobre o
papel que eles podem desempenhar no combate ao déficit
habitacional urbano, a partir de uma reflexão sobre suas
condições de habitabilidade urbana. Para tanto, se fez
necessário verificar a presença e organizar um inventário dos
vazios urbanos presentes no recorte de estudo, identificar os
principais atributos dos exemplares encontrados e, a partir dos
dados observados, avaliar a condição de habitabilidade urbana
desse estoque. Ainda que se estendam por toda cidade, os
vazios urbanos são comumente vistos pelos centros antigos das
cidades, motivados, principalmente, pelo desenvolvimento de
novas centralidades, entretanto a cidade não é igualitariamente
acessível para todos os seus habitantes. Desenhada nestes
termos, a problemática desta pesquisa parte de um
questionamento, referente a situações urbanas simultâneas,
embora adversas: por que existem vazios urbanos centrais em
cidades com déficit habitacional? Com o foco no objeto,
procura-se responder o questionamento a que se propõe
através da aplicação do Indice de Habitabilidade Urbana, que avalia a acessibilidade a infraestrutura urbana e aos
equipamentos urbanos, nos vazios urbanos do bairro Tambiá.
Assim, esta pesquisa busca mirar na produção de um conjunto
de informações e de procedimentos que possam auxiliar tanto
no entendimento da condição atual dos vazios urbanos, dentro
do recorte espacial estudado, quanto em discussões que
possam fomentar instrumentos de política pública, no que
concerne à moradia urbana e à reabilitação dos vazios urbanos
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REBECA FALCÃO DOS SANTOS MELO
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Guardando as recordações das terras onde passei: experiência na arquitetura do Museu Cais do Sertão
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Orientador : MARIANA FIALHO BONATES
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Data: 30/11/2023
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Hora: 10:00
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Por meio de uma abordagem fenomenológica, intermediada
pelos sentidos humanos e pelo corpo, este trabalho trata-se de
um estudo analítico da experiência na arquitetura do Museu Cais
do Sertão. O museu, marcado pela representatividade e
referência à cultura nordestina, foi projetado em 2009 pelo
Escritório Brasil Arquitetura que apresenta, segundo Max
Risselada (2005, p.10) uma cultura arquitetônica específica.
Além disso os arquitetos fundadores, Marcelo Ferraz e Francisco
Fanucci, manifestam posturas projetuais voltadas para uma
sensibilidade construtiva direcionada para a fenomenologia da
arquitetura, com uma abertura para os sentidos, e a valorização
da experiência perceptiva. Sendo assim, parte-se da questão: De
que maneira a cultura arquitetônica do Brasil Arquitetura pode
afetar a experiência sensorial dos usuários? O trabalho tem como
objetivo geral: compreender a relação entre as experiências
arquitetônicas no Museu Cais do Sertão e a cultura arquitetônica
do Brasil Arquitetura. Para tanto os procedimentos metodológicos
foram organizados em 4 etapas de pesquisa: 1) revisão
bibliográfica; 2) pesquisa documental; 3) pesquisa de campo e 4
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HEVILA RAYARA CRUZ RIBEIRO
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O sertão também é moderno? Arquitetura moderna no Crajubar-Cariri Cearense
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Orientador : WYLNNA CARLOS LIMA VIDAL
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Data: 17/11/2023
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Hora: 09:00
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Este trabalho tem como objetivo investigar a disseminação da arquitetura moderna nas cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, na Região do Cariri, interior do Ceará, a partir da produção de edifícios públicos institucionais pelo Estado, construídos entre as décadas de 1960 e 1980. A escolha do conjunto urbano Crajubar como recorte espacial se justifica pela necessidade de uma visão mais abrangente sobre a produção da arquitetura moderna no Nordeste, especialmente nas cidades do interior, tema pouco explorado pela historiografia da arquitetura brasileira. Para tal, concentrou-se inicialmente na revisão bibliográfica, juntamente com a coleta e registro de dados encontrados em bibliotecas e acervos, o que permitiu estudar os processos de modernização das três cidades, incluindo a identificação de um conjunto de obras construídas nas décadas anteriores. Entre os dados levantados percebeu-se que a maioria das obras de grande porte foram construídas entre as décadas de 1960 e 1980 por iniciativa do Estado, o que levou a definir como objetos de pesquisa para este trabalho os edifícios institucionais/equipamentos públicos construídos nesse período. Tal decisão se alinha a uma perspectiva do discurso da historiografia da arquitetura moderna brasileira de que o Estado se coloca como principal agente estruturador da modernização nas primeiras décadas do século XX, e a arquitetura moderna como instrumento para a construção da identidade e modernidade nacional. Foram mapeadas e apresentadas 21 edificações entre sedes administrativas, agências bancárias, estádios, rodoviárias, hotéis, centro de atividades, museu e mercado público; correlacionando a inserção desses equipamentos na malha urbana das cidades, juntamente com a identificação de alguns profissionais, como arquitetos e engenheiros, responsáveis por essas obras. Os resultados da pesquisa apontam que a situação econômica do país e os planos de desenvolvimento empreendidos pelo governo federal e estadual, tendo a Região do Cariri Cearense como área de planejamento estratégico, possibilitaram que o Crajubar estivesse inserido dentro da perspectiva desenvolvimentista com a construção de um conjunto de edificações modernas que marcaram o processo de transformação da paisagem urbana dessas cidades.
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ALINE RAMALHO FERREIRA DA SILVA
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A PRAÇA ENQUANTO ESPAÇO ATIVADOR DA VITALIDADE URBANA: INVESTIGAÇÃO SOBRE UM ESPAÇO LIVRE PÚBLICO E SEU ENTORNO NO BAIRRO DOS BANCÁRIOS, EM JOÃO PESSOA PB
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Data: 10/11/2023
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Hora: 16:00
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A pesquisa tem como objetivo estudar um espaço livre público
localizado na cidade de João Pessoa - PB, a Praça da Paz,
uma vez que fornece um conjunto de características, permitindo
observá-la e analisá-la em termos de vitalidade urbana. O
caminho teórico-metodológico baseia-se na concepção do
mundo como uma rede formada por atores humanos, entendida
enquanto Disposições Sociais, e não-humanos, os Dispositivos
Técnicos Espaciais do Urbano (DTSU). Parte-se da
constatação de uma série de indícios de vitalidade urbana, e de
questionamentos sobre as dinâmicas que a sustentam no
tempo; interrogamos ainda os coletivos presentes na praça,
que são capazes de repercutir em seu entorno. Técnicas de
observação direta e fotográfica (Protocolo de observação),
sistematização cartográfica (QGis e Photoshop), assim como o
Safari Urbano para a caracterização espacial da praça e de seu
entorno, foram utilizadas. Elas permitiram compreender o
coletivo de objetos urbanos, como atuam e se relacionam, ou
ainda por que processos são alvo de manifestações de
apropriação social ao longo do tempo. Através da tradução da
rede sociotécnica da Praça da Paz, os conflitos, regulações,
problemas e contradições foram mapeados e narrados. A
percepção da mobilização dos coletivos, bem como a escolha, por parte de seus usuários cotidianos ainda que com
ressalvas e regulações , de manter suas atividades de lazer,
comerciais, seus exercícios físicos e rituais de socialização no
espaço público aparece com bastante força. Concluímos, por
fim, que a rede sociotécnica da Praça da Paz compreende um
conjunto de dinâmicas socioespaciais controversas, mas que
são fruto do engajamento de públicos específicos e, por isso
mesmo, perenes; algo intrínseco à vitalidade urbana.
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ANA ROSA SOARES NEGREIROS FEITOSA
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Arqueologia de uma sala de aula. Práticas artísticas como campo experimental
e crítico do ensino e da aprendizagem da Arquitetura e do Urbanismo.
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Data: 20/10/2023
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Hora: 15:00
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O presente trabalho traz reflexões sobre a teoria e a prática do ensino da
arquitetura e do urbanismo nas graduações, permeadas por práticas artísticas
como campo experimental e crítico. Partindo dos
responsabilidades sociais do arquiteto e do professor de arquitetura, orienta
aqui os questionamentos de como tornar as ações de ensino/aprendizado
pertinentes aos problemas contemporâneos da nossa área. E, efetivamente,
qual seria então o lugar da sala de aula no processo de formação do corpo de
conhecimento do arquiteto e urbanista? Como em um estudo arqueológico,
aspectos da sala de aula são afigurados em camadas, algumas soterradas,
entretanto possíveis de serem expostas, auxiliando
das conformações culturais fundantes, instituídas ou impostas, bem como se
encontra fissuras, geradoras de desconstruções e novas composições.
Buscando realizar uma prospecção, tendo a sala de aula como território da
formação, tempo-espaço para a possibilidade das experimentações, intentando
a compreensão da sua colocação nos processos de fundamentação da
arquitetura e dos processos do conhecimento. A pesquisa desencadeou
reflexão a respeito do sentido das experiências real
da disciplina Oficina de Plástica, habitando a Sala 562, entre os anos de 2011
a 2019, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do
Piauí. Utilizando-se da documentação desenvolvida com os discentes, regist
dos encontros e das atividades das propostas didático
realizando-se uma última intervenção artística coletiva, onde mil fotografias
foram reveladas e por cinquenta ex-alunos intervencionadas, tornando
dispositivo de disparo de memórias, os quais auxiliaram o deslocar de
informações e saberes, resignificando um tempo
paredes de uma sala cubo, e manifestou o poder do território. A filosofia,
pedagogia, psicologia e principalmente arte contemporânea, foram
fundamentais, linhas guias do pensar e fazer metodológico desta pesquisa.
Compreendendo enfim a sala de aula como espaço composto por pequenas e
contínuas práticas onde os corpos aprendem a ler o verbal e o não verbal, a
interpretar criticamente, e encontra sentidos, significados de suas próprias
vidas, e criar novos mundos para si e para os outros, por ser este espaço
reflexo de nossas escolhas políticas, dos modos de governar as ações
educativas e formativas. Intentando aqui ampliar miradas, perspe
onde os espaços de aprendizagem envolvam a libertação e plenitude das
nossas existências.
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MARIANA RIBAS CORDEIRO
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A ARQUITETA APRENDIZ E O CONHECIMENTO ENCARNADO - Notas para pensar as implicações do corpo como lócus da aprendizagem em arquitetura e urbanismo
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Data: 04/09/2023
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Hora: 14:00
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A tese discute o lugar do corpo na formação do arquiteto e urbanista na medida em que considera que a condição
para aprender é inseparável da experiencia corpórea vivida por quem aprende, bem como das possibilidades de
transformação de si promovidas por estas experienciações.
Utiliza como fundamento teórico as ideias de Baruch de Espinosa, sobre os afetos e o conhecimento como o
maior dos afetos; as ideias de Michel Foucault, sobre o corpo como lócus da aprendizagem.
Desde o ponto de vista pedagógico, esta relação de forças é articulada através do pensamento de Paulo Freire
sobre a educação e a aprendizagem amorosa e intensiva, atualizada pela mirada feminista de bell hooks.
A partir desta relação de provocações, aborda-se a formação como um processo em que o sujeito se constitui a si
mesmo na medida em que encontra, e também constitui, o outro e o mundo. Pressupõe-se, desta forma, a
arquitetura enquanto constructo, de objetos incorporais, igualmente capaz de afetar e de ser afetado.
Neste ponto, a pesquisa apoia-se em uma série de experiências pedagógicas que tem a corporeidade como
dispositivo constituinte e aponta possibilidades de aprendizagem através dos encontros, onde professores atuam
como interlocutores na constituição de sujeitos encarnados. Um questionamento orientado pela perspectiva de
que também os professores constituímos corpos em fluxo, borrados, desejantes e, portanto, aprendizes.
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HELEN MARIA PALMEIRA MEDEIROS
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Urbanidade: digressões entre universidade e cidade. Um estudo de caso
dos espaços de fronteira do Campus de Santiago da Universidade de
Aveiro, Portugal
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Orientador : JOVANKA BARACUHY CAVALCANTI
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Data: 30/08/2023
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Hora: 14:00
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A presente tese é o resultado de uma investigação qualitativa
de estudo de caso único e exploratório que tem como objeto a
urbanidade por meio da integração socioespacial dos espaços
de fronteira de campi universitários periféricos. A
denominação de espaços de fronteira refere-se aos espaços
abertos localizados entre os limites da parcela urbana e o
edificado, frequentemente resultante de recuos impostos por
regulações urbanísticas. Tem-se a compreensão de que esses
espaços poderiam contribuir para a urbanidade, ao atuarem
como espaços mediadores e ampliadores dos espaços de
interação pública das cidades que emergem nos entornos
universitários, a partir da implantação dos campi. Uma
sensibilidade etnográfica é especialmente útil para o
desenvolvimento da pesquisa de campo, em que se teve
atenção às situações de permanência e movimentos de
humanos nos espaços abertos e de fronteira do estudo de
caso, o Campus de Santiago da Universidade de Aveiro
(Aveiro, Portugal), bem como de seu entorno imediato. Essas
atividades de campo serviram para explorarmos as
possibilidades de estabelecer princípios projetuais para os
espaços de fronteira de campi universitários. Em paralelo,
discute-se a própria noção de urbanidade como categoria de
estudo e a validade de sua associação com o espaço
construído dos espaços de fronteira. Com o auxílio do
paradigma da Teoria Ator-Rede, passa-se a considerar que as
urbanidades são experiências múltiplas do e no espaço urbano, que tendem à integração socioespacial. Por seu
caráter relacional e múltiplo, o par urbanidadesdesurbanidades é indissociável e representa uma latência em
cada ator humano e não-humano. Finalmente, a urbanidade é
dinâmica e imponderável, por isso, o esforço de identificação
dos atores sociais e seus coletivos, dos interesses que os
impelem à ação, bem como das eventuais controvérsias de
que se ocupam pode ser útil para uma aproximação empírica
das diversas urbanidades-desurbanidades presentes no
entorno universitário. Apesar de digressiva, a aproximação
das urbanidades-desurbanidades funciona como uma
calibragem às percepções de campo, em que ficam
invisibilizadas uma série de atores e mediações. Por fim,
apesar de restrito a um único estudo de caso, as
considerações teóricas e metodológicas aqui apresentadas
podem ser utilizadas para o desenvolvimento de pesquisas e
análises em casos existentes em diferentes contextos,
inclusive, no brasileiro.
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EMMANOEL MARQUES DA SILVA
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A CIDADE E AS ÁGUAS URBANAS: UM ESTUDO DE CASO DO RIO ESPINHARAS NA CIDADE DE PATOS/PB
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Data: 28/07/2023
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Hora: 14:00
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Percebe-se que os processos de urbanização, dos últimos
70 anos, estabeleceram nas cidades um distanciamento, no
tocante à relação com os elementos naturais que compõem
o seu entorno, como é o caso, por exemplo, dos rios
urbanos, que foram amplamente deteriorados e esquecidos.
No contexto atual, as margens dos rios são constantes
alvos de interferências urbanas, estando sujeitas aos mais
diversos impactos, que afetam tanto o meio natural como o
próprio ambiente construído. Essa situação se agrava a
cada dia, demonstrando assim a constatada falta de
planejamento urbano, uma vez que não abraça os rios, de
forma que possa contribuir com suas demandas ecológicas,
urbanas, sociais e políticas. Mediante o exposto, a presente
dissertação realizou um diagnóstico da paisagem urbana
das margens do rio Espinharas, objeto de estudo da
pesquisa localizado na cidade de Patos-PB, em seus
aspectos ambientais e urbanos. Para a realização da análise
e a obtenção de um prognóstico da área de estudo, foi
utilizada uma metodologia de análise de margens de rios,
já validada por outros pesquisadores, por se encaixar na
problemática da referida dissertação, bem como em seus
objetivos específicos. Sendo assim, após a realização dessa
análise das margens e a aquisição dos resultados do atual
cenário do rio em estudo, no que se refere aos seus
aspectos urbanos e fluviais, foram apresentados os seus
níveis de degradação, entendendo a real problemática
enfrentada pelo rio. Dessa forma, um quadro com cenários
de possíveis intervenções para margens de rios foi
elaborado, visando à concepção de cenários que
estabelecem conexões urbanas e ambientais,
fundamentadas em um tripé formado pela integração do
rio com a cidade, recuperação das suas águas e
conscientização por parte da população sobre a
importância do rio para a qualidade de vida local. Por fim,
a dissertação discute e apresenta as problemáticas
existentes entre o Rio Espinharas e a cidade de Patos e
seus possíveis potenciais de restauração, ou seja, a
pesquisa abre caminhos para novas discussões e debates
sobre a relação rio-cidade.
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SHEILA RODRIGUES DE ALBUQUERQUE
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PERCEPÇÕES SINGULARES À LUZ DO DESIGN UNIVERSAL E DA ARQUITETURA SENSORIAL: Avaliação do Centro de Atendimento ao Autista em João Pessoa-PB
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Orientador : ANGELINA DIAS LEAO COSTA
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Data: 27/07/2023
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Hora: 14:00
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O ambiente terapêutico com foco na reabilitação de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é fundamental para o desenvolvimento das habilidades psicomotoras desses indivíduos. A vista disso e com ênfase nas características físicas do ambiente construído, é possível afirmar que suas configurações podem influenciar nos comportamentos e na sensorialidade dos usuários, sobretudo quando se trata da pessoa com autismo, por esta razão, estratégias com foco nas necessidades desses usuários é indispensável. Pensando nisso, esta pesquisa buscou responder o seguinte questionamento: de que modo à arquitetura sensorial em ambientes de reabilitação pode favorecer a melhoria da qualidade desses espaços, tendo como base as percepções sensório-espaciais de pessoas com TEA e dos demais envolvidos nesse contexto? E objetiva-se em analisar a relação pessoa-ambiente nos espaços de reabilitação para pessoas com TEA, tendo como base os princípios do Design Universal e da Arquitetura Sensorial, a fim de subsidiar recomendações de projeto de arquitetura para Centros de Atendimento ao Autista e/ou similares. Para isso, foi realizado um Estudo de Caso no Centro de Atendimento ao Autista (CAA), em João Pessoa-PB. E para o cumprimento do objetivo proposto, os procedimentos metodológicos foram divididos em 03 Etapas: Ambiente, Usuário e Recomendações Projetuais. Em suma, os resultados demonstraram diretrizes acerca das demandas encontradas no CAA, como orientações que corroboram para a concepção de ambientes de
reabilitação com foco na pessoa com TEA
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MERCIA PARENTE ROCHA
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Vestígios e Nexos da Noção de Espaço Moderno: Teoria da Visibilidade Pura e Arquitetura Moderna
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Data: 14/07/2023
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Hora: 14:00
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Esta tese pretende revelar alguns dos fundamentos teóricos do espaço da Arquitetura Moderna, a partir do exame das teorias espaciais desenvolvidas no campo da arquitetura desde meados do século XIX, no contexto das discussões estéticas realizadas pelos teóricos alemães, em especial, aqueles que compartilharam do que se denominou como Teoria da Visibilidade Pura. Pretende-se a partir da identificação de preceitos contidos nas primeiras teorias espaciais da arquitetura, elaboradas pelo escultor Adolf Hildebrand (1847-1921) e pelo historiador da arte August Schmarsow (1853-1936), cotejá-los com os ensaios seminais sobre o espaço da Arquitetura Moderna, publicados nas primeiras décadas do século XX, pelo artista húngaro László Moholy-Nagy (1895-1946) e pelo arquiteto austríaco Rudolph Michael Schindler (1887-1953). Esses ensaios, por sua vez, foram escolhidos não apenas por constituírem importantes inserções teóricas sobre o tema, como também pela proximidade de seus autores com o contexto artístico alemão. O confronto entre os preceitos espaciais das teorias alemãs e tais ensaios, busca observar se é possível identificar vestígios ou nexos das inéditas teorias do século XIX, no ideário espacial da nova arquitetura, ou seja, nas bases teóricas da profunda transformação espacial promovida pela Arquitetura Moderna.
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BARBARA LAIS FELIPE DE OLIVEIRA
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Taxonomia para fabricação digital: oportunidades para materialização arquitetônica
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Data: 04/07/2023
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Hora: 14:30
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A fabricação digital tem ganhado destaque tanto na indústria quanto na arquitetura, surgindo a partir do desenvolvimento de processos
computacionais em softwares CAD e produção CAM. Inicialmente associada à produção de edifícios com formas complexas, essa
abordagem tem sido adotada por escritórios de arquitetura em busca de sustentabilidade, redução de custos e otimização do tempo de
construção. No contexto brasileiro, a maioria dos laboratórios de fabricação digital está concentrada no ambiente acadêmico, onde
universidades, grupos de pesquisa e laboratórios exploram essa tecnologia como uma forma de projetar e fabricar modelos arquitetônicos.
No entanto, a implementação dessas tecnologias enfrenta desafios, incluindo a necessidade de criar uma cultura de inovação, promover a
transição do pensamento individual para o colaborativo e otimizar fatores econômicos e administrativos, como a redução de burocracia e
custos de equipamentos. Neste cenário, surge a seguinte questão: como orientar os projetistas na materialização arquitetônica, por meio da
fabricação digital? Como hipótese entende-se que a fabricação digital quando escolhida como meio de materializar um objeto, segue
critérios na qual é possível identificar e estruturar uma taxonomia para a fabricação e produção de elementos arquitetônicos. O objeto de
estudo é a relação entre a materialização arquitetônica e a fabricação digital, com um recorte nas técnicas de fabricação digital, maquinário
desenvolvidos e os artigos publicados que discutem a temática até o presente momento. O objetivo da pesquisa é desenvolver uma
ferramenta capaz de auxiliar no processo projetual para materialização arquitetônica com fabricação digital. Para isso, esse trabalho segue
a abordagem da pesquisa construtiva que se constituiu em três fases: compreensão, proposição e validação. A fase de compreensão
abrange o referencial teórico e as revisões sistemáticas de literatura. A proposição envolve a síntese de taxonomias aplicáveis à arquitetura
e o desenvolvimento da taxonomia para a materialização arquitetônica através da fabricação digital. E a fase de validação abrange etapas
de validação interna e externa com atividades que tem o intuito de garantir a eficiência dos resultados obtidos. Assim, a ferramenta foi
submetida a uma análise qualitativa de conteúdo, experimentações próprias e aplicações no catálogo de projetos que abordam a fabricação
digital. A pesquisa foi desenvolvida na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e teve
como resultado principal a Taxonomia para Fabricação Digital aplicada à arquitetura (TDFab+Arch). Essa ferramenta auxilia os
projetistas na materialização arquitetônica por meio da fabricação digital e está disponível online. Também pode ser utilizada no processo
projetual e como classificação de projetos concluídos. A TDFab+Arch é flexível e permite a incorporação de novos critérios, aplicação no
âmbito da academia ou em atividades profissionais. Essa ferramenta é uma contribuição significativa para a área e a pesquisa é relevante
devido à crescente expansão da fabricação digital.
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GABRIEL LINCOLN LOPES CARVALHO
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TRILHANDO O ABANDONO: DISCUTINDO SOBRE O PROCESSO DE DEGRADAÇÃO URBANA NOS ESPAÇOS DA ESTAÇÃO NOVA DE CAMPINA GRANDE-PB
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Data: 29/06/2023
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Hora: 14:00
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Os trens tiveram papel estruturador em muitas cidades brasileiras, representaram inovação tecnológica com seu surgimento e ascensão a partir do século XIX. A cidade de Campina Grande-PB, por sua localização geográfica estratégica e alto potencial de comercialização de algodão, gado e cereais, foi contemplada com sua primeira estação ferroviária, a Great Western Brazil Railway em 1907, a "Estação Velha", proporcionando impacto em sua extensão territorial e maior destaque no setor econômico. Para comemorar o cinquentenário da chegada do trem à cidade e atender as demandas do setor ferroviário, Campina Grande, em 1957, iniciou a construção de sua segunda estação ferroviária, a "Estação Nova", da Rede Ferroviária do Nordeste, que contava com prédios, galpões de apoio e uma maior área de manobra. Após o apogeu ferroviário, houve uma somatória de processos e contextos negativos para as ferrovias que influenciaram em um gradativo declínio até a desativação dos transportes de passageiros entre as décadas de 1940-1990. Seguindo o que ocorria no cenário nacional, Campina Grande desativou o transporte de passageiros na década de 1980; a Estação Velha foi tombada pela IPHAEP e hoje é utilizada como Museu do Algodão e tem sua estrutura física mantida, por outro lado, a Estação Nova não foi valorizada como patrimônio; foi esquecida pelo poder público e órgãos patrimoniais, sendo vítima do abandono material e de sentido, resultando em seu pátio ferroviário e prédios em estado de ruínas e deterioração, servindo atualmente como cenário de patologias sociais, teve também suas esquadrias surripiadas, prédios destelhados e acúmulo de lixos residuais. O objetivo principal deste trabalho foi realizar um estudo de caso nos espaços da Estação Nova de Campina Grande buscando analisar as causas e consequências do abandono em relação aos aspectos históricos, políticos, patrimoniais, de infraestrutura e sociais que transformaram seu ambiente construído, sua morfologia e o uso dos espaços. Foi utilizado o método cartográfico, aliado à análise documental e revisão bibliográfica, para seu desenvolvimento. Como resultados alcançados, foi construído um retrato dinâmico sobre o processo de transformação do pátio ferroviário, mediante análises históricas, patrimoniais, do ambiente construído e da sintaxe espacial. No estudo de caso foi traçada a cronologia dos acontecimentos e os principais motivos que ocasionaram a desativação e fomentaram o estado atual de abandono e degradação.
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NIARA FERNANDES BARBOSA FORMIGA DANTAS
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TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS E SEGREGAÇÃO URBANA: UM ESTUDO SOBRE ACESSO A OPORTUNIDADES EM JOÃO PESSOA-PB
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Data: 26/05/2023
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Hora: 14:00
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O processo de produção de cidades segregadas é reflexo do acelerado processo de urbanização ocorrido no Brasil na segunda metade do século XX, que contribuiu para a produção de cidades espraiadas e segregadas social e territorialmente. Neste contexto, o transporte público tem o papel de integrar diferentes áreas da cidade e promover o acesso da população às oportunidades urbanas, porém, frequentemente, reforça, ainda mais, a segregação. Atualmente, mais de 84% da população do Brasil, e 99% dos habitantes de João Pessoa, vivem em áreas urbanas e o número de automóveis em circulação nas cidades também tem crescido de forma acentuada. Com isso, a população de baixa renda muitas vezes é privada do acesso às oportunidades urbanas disponíveis. Diante desse cenário, este trabalho analisa se o transporte público em João Pessoa contribui com a segregação socioespacial provocada pela evolução urbana da cidade, a partir da aplicação do índice de oportunidades acumuladas. A espacialização dos dados foi feita com o auxílio de ferramenta de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), relacionando os resultados com os dados socioeconômicos e de oportunidades urbanas da área de estudo. O estudo analisa a facilidade de acessar empregos, ensino público e equipamentos de saúde através do transporte público por ônibus e do automóvel de uso particular, fazendo simulações para tempos de viagem de 15 minutos, 30 minutos, 45 minutos e 60 minutos. Em João Pessoa, as principais oportunidades urbanas estão localizadas na região central da cidade, porém, verifica-se que há uma grande concentração da população na região sudeste, especialmente aquela de baixa renda, que se concentra nas áreas de expansão da cidade. Os resultados obtidos neste estudo sugerem que: a) a população de baixa renda residente nas bordas da cidade acessa menos oportunidades se comparada à população localizada nas áreas próximas ao Centro e de maior renda; b) o uso de automóvel particular proporciona menores tempos de deslocamento do que o transporte público para acesso às oportunidades; c) áreas com maiores taxas de motorização da cidade, que têm maiores rendas per capita, coincidem com os bairros onde é possível acessar mais oportunidades em
menos tempo. Portanto, a população de alto poder aquisitivo beneficia-se por habitar nas melhores localizações em relação à acessibilidade além de terem maior possibilidade de utilizar o automóvel.
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LUCIANA DE CARVALHO GOMES
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ME DIZ ONDE MORAS E TE DIREI QUEM ÉS: 100 anos de habitação social e a produção do espaço na Região Metropolitana do Recife
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Data: 18/05/2023
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Hora: 09:00
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A habitação sempre foi a variável básica de estruturação do território e também a manifestação mais
explícita de sua hierarquia socioespacial. As cidades brasileiras, por sua vez, expandiram-se sob uma
perspectiva institucional dualista: formal versus informal. Os conjuntos habitacionais de interesse social
se apresentaram como um instrumento oficial que perpassa essas duas cidades sem, no entanto,
retratar de fato nenhuma delas. A localização a qual foram destinados tem muito a dizer sobre isso.
Desde o início do século XX, a tomada de decisão locacional destes empreendimentos apoiou-se em
distintas narrativas racionalistas transpostas nos zoneamentos urbanos, de forma a instaurar uma visão
de mundo legítima e pretensamente equânime. Esta investigação buscou, à luz da história, analisar o
papel de dispositivos da cidade formal - política habitacional e as legislações urbanísticas - na produção
e consolidação do espaço da população de menor renda no Brasil e sua relação com os processos de
segregação socioespacial que estruturam atualmente suas metrópoles. Para isso, foi tomado como
recorte territorial, a Região Metropolitana do Recife, uma das mais antigas do país e que, em 2023,
completa meio século. A partir do aporte teórico, o conceito de segregação revelou seu caráter
processual conduzindo o trabalho a uma abordagem diacrônica. O largo período aludido parte de
1919 com o surgimentos dos primeiros dispositivos disciplinares da localização da moradia popular no
Recife, até 2019, ano de extinção do Programa Minha Casa Minha Vida. A investigação demonstra que,
apesar dos contextos sociopolíticos distintos, os zoneamentos urbanos e a escolha da localização dos
conjuntos habitacionais de interesse social, há pelo menos um século, alimentam um padrão locacional
que continuamente, ora mais, ora menos, afasta as moradias das classes de menor renda do centro
metropolitano. Constatou-se que as práticas institucionais segregatórias nasceram com a própria
questão habitacional e antecedem, em décadas, à formação de um mercado imobiliário. A pesquisa
apresenta assim, um contraponto às abordagens mais frequentes que assumem a centralidade do tema na
questão do preço da terra, emergindo uma face mais perversa e mais antiga nas decisões públicas - o
desejo de apartação da pobreza pelas elites urbanas. A segregação produzida e reproduzida pelos
dispositivos institucionais investigados naturaliza a distinção do lugar dos indivíduos conforme classes
sociais e asseguram que certos territórios sejam impenetráveis (formalmente) à população de menor
renda. Ao mesmo tempo legitimam outros setores na cidade, de menor valor, considerados adequados a
esta.
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MATEUS BERTONE DA SILVA
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Pensamento cenológico na obra de Lina Bo Bardi (1976-1992)
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Data: 16/02/2023
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Hora: 14:00
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Esta tese analisa teórica e historicamente a presença da dimensão teatral que emerge da obra arquitetônica de Lina Bo Bardi (1914-1992), notadamente na sua fase madura, compreendida entre 1976, quando redige o artigo Planejamento ambiental: desenho no impasse e volta a projetar para a cidade de São Paulo, e 1992, o ano de sua morte, através de diversas fontes, dentre elas os registros de processo dos projetos arquitetônicos e urbanísticos, executados ou não, os quais apresentam emblemáticas e instigantes similaridades aos processos criativos, bem como a aspectos perceptivos e comunicativos do espaço no Teatro.
A interlocução com os grupos teatrais com os quais a arquiteta trabalhou ao longo de pelo menos três décadas, e sua clara inserção como agente constitutiva e crítica dos particulares contextos históricos em que se insere esta produção, foram engendradas por um pensamento original, no qual a trama entre as linguagens da Arquitetura e do Teatro está colocada a serviço de um programa ao mesmo tempo estético e político e do qual se deslinda a epistemologia projetual de Lina Bo Bardi, em sentido amplo.
Para além das contínuas referências feitas pela arquiteta a conceitos do universo teatral ou ainda diretamente a teatrólogos, são nos registros gráfico-visuais dos projetos que podemos observar e decifrar, motabilem, aquela trama apontada e donde uma memória latente e fabular dos artefatos, soluções, paisagens e vivências de inspiração popular intervém enquanto narrativa norteadora: uma dramaturgia que se realiza incorporada à materialidade mesma de sua linguagem artística, a arquitetura, por meio da competência que esta arte tem, qual no teatro, de ficcionar.
A reinvenção dialógica de formas, matérias e técnicas de expressão popular emulando os sentidos desta vivência espaço-temporal pela vereda da teatralidade se mostra como artimanha projetual crítica e operativa ou seja, a um só tempo de resistência e de vingança pela qual se programa prefigurações de uma outra Modernidade possível, num período inflamado por memórias e pela urgência de ação, sob o clima histórico de incertezas, mas, também de esperanças, sentidas com a reabertura política e a instauração da Nova República no Brasil.
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