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HOSANA SILMARA ELEUTERIO SILVA
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AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DA LINGUAGEM ORAL DE CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS DE IDADE: uma revisão de escopo
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Orientador : LUCIANA FIGUEIREDO DE OLIVEIRA
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Data: 30/09/2025
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Hora: 15:00
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Introdução: A avaliação da linguagem oral na clínica fonoaudiológica é responsável por nortear os
processos terapêuticos e pela prevenção de dificuldades futuras. Tal prática é assegurada pela resolução de no 414 do Conselho Federal de Fonoaudiologia, que se refere ao uso de instrumentos de avaliação na prática clínica. A avaliação da linguagem oral nos três primeiros anos de vida, período identificado como fase ouro do desenvolvimento infantil, pode auxiliar os fonoaudiólogos a acompanhar o desenvolvimento linguístico e propor estratégias, compreendendo a linguagem como um ato social, que se constitui na relação com o outro. Objetivo: Mapear os protocolos e identificar os aspectos analisados na avaliação da linguagem oral de crianças de 0 a 3 anos presente na literatura. Métodos: Trata-se de um estudo de revisão de escopo desenvolvida e estruturada a partir dos elementos listados na extensão Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) e o protocolo Joanna Briggs Institute. As buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline/PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scopus, Web of Science, Excerpta Medica DataBase (EMBASE), Scientific Electronic Library Online (Scielo), além de trabalhos disponíveis na literatura cinzenta google acadêmico e ProQuest Dissertations and Theses. A estratégia de busca utilizada foi desenvolvida por meio da combinação dos descritores Decs/MeSH (Descritores em ciências da saúde): Teste de linguagem, Pré-escolar e Fonoaudiologia. Seguiu a definição de cada base de dados correspondente e utilizou-se o operador booleano AND e OR nas combinações. Resultados: Foram extraídos um total de 1.035 artigos no rastreio inicial. Desses, 57 publicações na EMBASE, 93 na LILACS, 517 na Medline/PubMed, 8 Scielo, 173 na Scopus, 3 na Web of Science, além dos trabalhos disponíveis na literatura cinzenta, 111 google acadêmico e 73 ProQuest Dissertations and Theses. Após
a leitura do título e resumo, um total de 221 estudos foram pré-selecionados para a leitura na íntegra. Desses, 11 estudos contemplaram os critérios de elegibilidade, sendo incluídos na revisão. Discussão: As avaliações da linguagem oral tinham como objetivo as dimensões expressivas e receptiva. Por meio de instrumentos estruturados que, em sua maioria, são subdivididos em fonologia, vocabulário, gramática e pragmática, alguns desses incluem os aspectos cognitivos e comportamentais. A utilização desses instrumentos direcionava-se a uma prática baseada na correção das alterações dos sujeitos, comparava crianças com condições específicas de saúde e aquelas com desenvolvimento típico. Apenas dois estudos explicitaram a concepção de linguagem abordada, ambos baseados na perspectiva sócio construtivista, com foco na interação e funções comunicativas, mas comumente as análises são marcadas por um viés normativo, o que evidencia a dificuldade de estabelecer práticas clínicas que superem limites biológicos e valorizem a subjetividade do sujeito. Conclusão: O mapeamento dos estudos indica uma limitação de instrumentos direcionados a crianças de 0 a 3 anos de idade, observa-se ainda a predominância de um viés normativo e comparativo entre grupos típicos e atípicos, o que restringe a compreensão da linguagem em sua dimensão social e dialógica, que valorizem a singularidade do sujeito.
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LAISE MOURA PEGADO SUASSUNA
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INDICADORES DE RISCO E REFERÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL EM CRIANÇAS DE ZERO A SEIS ANOS COM TRISSOMIA DO 21: reflexões para clínica fonoaudiológicas.
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Orientador : LUCIANA FIGUEIREDO DE OLIVEIRA
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Data: 30/09/2025
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Hora: 13:30
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Introdução: A linguagem é estabelecida através da interação com o outro, logo é uma
experiência viva do sujeito, que infere sentido nas suas relações. A imersão da criança na
linguagem e suas implicações no desenvolvimento está atrelada a fatores de ordem biológicas
e sociais. Identificar o risco psíquico e as alterações da linguagem da criança envolve a
identificação precoce, sendo esta uma como proposta para intervenção a estes riscos.
Acredita-se que crianças com desenvolvimento típico apresentarão maior quantidade de
indicadores de referência para o desenvolvimento infantil quando comparadas a seus pares
com diagnóstico de T21. Além disso, supõe-se que a ausência de tais indicadores pode variar
de acordo com o diagnóstico e relaciona-se com aspectos socioeconômicos. A justificativa
para realização deste estudo será devido sua relevância para a prática clínica em
Fonoaudiologia. Objetivo: Investigar os indicadores de risco e referência para o
desenvolvimento de crianças com T21 de zero a seis anos de idade. Metodologia: Trata-se de
um estudo primário de abordagem qualitativa, longitudinal, descritivo, série de casos,
observacional participante, de centro único. As crianças foram divididas em dois grupos,
sendo o primeiro composto por crianças com T21 com idade entre 18 e 36 meses, o segundo
grupo composto por crianças com T21 com idade entre 3 e 6 anos. Para a coleta de dados,
inicialmente, será realizada a aplicação de um questionário sociodemográfico e informações a
respeito da criança com os familiares. No segundo momento, será realizada a coleta a partir da
filmagem de sessões fonoaudiológicas com as crianças a fim de analisar a interação das
mesmas com os familiares/cuidadores através de contextos eliciadores, com base na proposta
de Smith, Bordini e Sperb (2009). Resultados e Discussões: A análise dos registros e
interações revelou ausência de determinados indicadores de referência do desenvolvimento
em crianças com T21, especialmente nos eixos relacionados à linguagem expressiva e à
alternância presença/ausência. Ao mesmo tempo, observaram-se aspectos de proteção ligados
ao brincar e à responsividade dos cuidadores. Esses achados indicam que, embora haja risco
psíquico e atraso linguístico, o ambiente familiar pode potencializar o desenvolvimento
quando há suporte responsivo. Em diálogo com a literatura, os resultados reforçam a
importância do uso precoce dos instrumentos IRDI e AP3+AI como ferramentas para
intervenção não patologizante, ampliando a escuta clínica e a construção de estratégias de
acompanhamento inclusivas.O impacto social desse trabalho está relacionado à possibilidade
de ampliar a prática clínica fonoaudiológica com ferramentas que permitam detecção precoce
e intervenções mais direcionadas, além de oferecer uma visão menos patologizante e mais
inclusiva do desenvolvimento de crianças com T21. Isso poderá beneficiar não apenas os
profissionais da saúde e educação, mas também as famílias, ao favorecer um
acompanhamento mais humanizado e efetivo.
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ALLAN DAYNER SILVA LOPES
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DO RASTREAMENTO AO DIAGNÓSTICO DA PERDA AUDITIVA EM
CRIANÇAS: UMA REVISÃO DE ESCOPO E A ANÁLISE DA IDADE DE DETECÇÃO EM
ALAGOAS
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Orientador : HANNALICE GOTTSCHALCK CAVALCANTI
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Data: 30/09/2025
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Hora: 13:00
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A audição desempenha papel central no desenvolvimento da linguagem oral e da comunicação,
tornando a detecção precoce de perdas auditivas e a intervenção oportuna elementos cruciais para
garantir trajetórias comunicativas compatíveis com os marcos do desenvolvimento infantil. Esta
dissertação reúne dois estudos complementares e interdependentes. O primeiro teve como objetivo
caracterizar o perfil epidemiológico de crianças com deficiência auditiva atendidas em uma rede
pública estadual de saúde no Brasil. O segundo buscou mapear as estratégias empregadas para o
diagnóstico precoce da perda auditiva em lactentes por meio de uma revisão de escopo rigorosamente conduzida segundo as recomendações do Joanna Briggs Institute (JBI) e reportada conforme o checklist PRISMA-ScR. O estudo epidemiológico, de delineamento observacional e transversal, foi realizado nos Centros Especializados em Reabilitação de Maceió, Alagoas, incluindo 940 crianças atendidas entre 2012 e 2024. Observou-se que a maioria dos participantes era do sexo masculino (53,6%), e a perda auditiva sensorioneural bilateral foi a forma mais prevalente (61,7%). Entre os fatores de risco mais frequentes, destacaram-se: internação em unidade de terapia intensiva neonatal por mais de cinco dias (21,8%), uso de medicações ototóxicas (15,0%) e baixo peso ao nascer (<1500 g; 8,1%). A média de idade ao diagnóstico foi igual ou superior a três anos, o que evidencia atrasos significativos para o início da intervenção auditiva, comprometendo janelas críticas para o desenvolvimento da linguagem. A revisão de escopo incluiu 56 estudos publicados entre 1991 e 2024, selecionados a partir de 10.713 registros iniciais. As publicações contemplaram diferentes contextos geográficos e predominaram os ambientes hospitalares e de terapia intensiva neonatal. Os delineamentos metodológicos mais frequentes foram estudos prospectivos (n=23) e retrospectivos (n=15), com predominância de evidência de nível 3.e, segundo a classificação do JBI. Entre as ferramentas diagnósticas mais utilizadas destacaram-se as emissões otoacústicas evocadas por transiente e produto de distorção, o potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE), seu formato automatizado e, em menor escala, o potencial evocado auditivo de estado estável (PEAEE). Os protocolos mais eficazes foram aqueles baseados em modelos de triagem auditiva neonatal em dois estágios, com rastreio ativo de populações de risco e ações específicas para reduzir a perda de seguimento. De forma integrada, os resultados destacam uma prevalência expressiva de perda auditiva sensorioneural bilateral associada a fatores potencialmente preveníveis, apontando para a necessidade de fortalecer os programas de rastreamento neonatal e aprimorar os fluxos de acompanhamento sistemático. Além disso, os achados reforçam a importância da implementação de sistemas de triagem auditiva neonatal integrados, equitativos e ancorados em estratégias de coordenação do cuidado, assegurando o acesso oportuno à intervenção auditiva e a mitigação de desigualdades, especialmente em contextos de vulnerabilidade socioeconômica.
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GABRIELLE STEFANY DOS SANTOS SOUZA
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MEDIDAS ACÚSTICAS PREDITORAS DO JULGAMENTO PERCEPTUAL DE JUÍZES LEIGOS NA IDENTIFICAÇÃO DE EMOÇÕES ELICIADAS
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Orientador : ANNA ALICE FIGUEIREDO DE ALMEIDA QUEIROZ
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Data: 29/09/2025
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Hora: 13:30
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Introdução: As emoções têm um impacto direto na produção vocal, influenciando nos aspectos acústicos e perceptíveis da voz, desse modo, as variações emocionais podem ser percebidas e expressas por meio da voz. A análise acústica fornece medidas objetivas e quantitativas da voz, já o julgamento perceptivo auditivo analisa a qualidade vocal e mensura os desvios na voz através da expertise auditiva do juíz, ambas são avaliações importantes para os estudos de detecção das emoções a partir da voz e podem fornecer dados importantes para caracterizar, mensurar e diferenciar os aspectos vocais na diferentes emoções. Objetivo: Identificar se há medidas acústicas que diferenciam as valências e emoções básicas eliciadas e investigar se as medidas acústicas são capazes de predizer o julgamento de emoções e valências, bem como verificar a taxa de acerto do julgamento perceptivo-auditivo de juízes leigos na identificação de valências e emoções básicas eliciadas. Métodos: É um estudo descritivo, de campo e quantitativo. Serão extraídas as medidas acústicas de 48 sinais de áudio de 8 falantes do sexo feminino e masculino, sem desvio vocal, a amostra de fala é a tarefa de fala do CAPE - V Olha lá o avião azul, a qual é solicitada após o voluntário assistir a vídeos que consistem em disparar as seis emoções básicas. Os sinais foram coletados e recortados por meio do Audacity, e posteriormente utilizou-se o PRAAT, para extração dos parâmetros acústicos. Resultados: A análise acústica identificou que as medidas Harmonic to Noise Ratio, o desvio padrão da Cepstral Peak Proeminence Smoothed (CPPS), máximo da CPPS, shimmer e intensidade, são capazes de predizer as valências das emoções a partir da voz. Ademais, a valência negativa apresentou significância estatística em comparação com a valência positiva. Conclusão: Os achados demonstram que a valência negativa desencadeia mudanças fisiológicas, acústicas e articulatórias na voz e as medidas acústicas, como o HNR, shimmer, intensidade e CPPS, são sensíveis na diferenciação da valência emocional, principalmente da valência negativa.
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MARIA EDUARDA DE OLIVEIRA BARBOSA CAVALCANTE
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Efeitos Da Fotobiomodulação Em Indivíduos Vocalmente Saudáveis: Uma Análise De Diferentes Desfechos Clínicos.
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Orientador : PRISCILA OLIVEIRA COSTA SILVA
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Data: 29/09/2025
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Hora: 09:00
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Introdução: O uso da fotobiomodulação (FBM) vem gerando repercussões benéficas para a
regeneração tecidual; analgesia; relaxamento muscular; modulação da inflamação; e para o desempenho muscular. Relatos empíricos da clínica fonoaudiológica e evidencias de
pesquisas in vitro, contudo principalmente na área da voz, o campo é pouco explorado e o
embasamento científico está apoiado nas produções de outras especialidades como a
fisioterapia, odontologia e medicina esportiva. Objetivos: (1) Investigar possíveis variações
imediatas nos parâmetros acústicos da voz de indivíduos saudáveis submetidos à
fotobiomodulação (FBM). (2) Investigar se a fotobiomodulação (FBM) é capaz de atuar como
coadjuvante aos exercícios vocais para prevenir sinais mensuráveis de deterioração vocal, a
partir da exposição a uma demanda vocal elevada. Método: Foi realizado um ensaio clínico
randomizado (ECR), prospectivo e triplocego. Indivíduos vocalmente saudáveis foram
randomizados em: Grupo LASER, que recebeu aplicação da FBM seguida de exercício do
trato vocal semi-ocluído ETVSO, antecedendo uma atividade de sobrecarga vocal; e Grupo
PLACEBO, que recebeu o mesmo protocolo, diferenciando-se apenas na aplicação da FBM
placebo. Índices e medidas acústicas, perceptivo-auditivas e autorreferidas foram coletadas
antes e depois de toda a intervenção. Resultados: No primeiro artigo foram observados
padrões distintos nas respostas acústicas das vogais aguda, fraca e média, bem como na
diadococinesia, ao comparar os efeitos do laser e do placebo. Na vogal aguda, apesar da
ausência de diferença significativa entre grupos, o GE apresentou reduções mais amplas nos
parâmetros de fo, sugerindo efeito do laser na frequência máxima. Na vogal fraca, o GC
exibiu valores mais elevados de fo, enquanto o GE apresentou alterações adicionais em TILT,
GNE 1000 e Declínio Espectral. Para a vogal média, o GC mostrou maior fo, e o GE maiores
valores de CPPS, sem mudanças internas relevantes. Na diadococinesia, não houve diferenças
entre grupos, indicando que o impacto do laser varia conforme a tarefa vocal, produzindo
modificações acústicas específicas e distintas do placebo. No segundo artigo, a análise intra
grupo revelou que o grupo experimental apresentou aumentos em parâmetros como HNR na
vogal aguda, H1H2 na vogal habitual e frequência fundamental média e mediana na
contagem, sugerindo pequenas modificações acústicas imediatas após a aplicação. No grupo
placebo, observaram-se alterações pontuais, incluindo melhora em H1H2 da vogal aguda,
reduções em tilt da vogal habitual e variações em medidas da contagem, como aumento de fo
médio, máximo e CPPS, além de redução em jitter. Também houve melhora em indicadores
perceptivos de autoavaliação e redução no índice multiparamétrico AVQI. Na análise entre
grupos no momento pós, não foram verificadas diferenças consistentes que indicassem
superioridade clara de uma condição sobre a outra, reforçando que as variações observadas
ocorreram de maneira distribuída entre ambas as intervenções. Conclusão: Em ambos os
estudos, tanto o grupo experimental, quanto o grupo placebo, apresentaram alterações, porém
sem evidência de um padrão de superioridade da FBM sobre o placebo em todas as medidas.
Com isso, entende-se que a fotobiomodulação promoveu variações acústicas pontuais e
dependentes do tipo de tarefa vocal, sem evidenciar um padrão uniforme de benefício em
relação ao placebo. Esses achados sugerem que os efeitos imediatos do laser na voz de
indivíduos saudáveis são específicos a determinados parâmetros, reforçando a necessidade de
investigações adicionais para esclarecer sua relevância clínica.
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MARYLIA ALBUQUERQUE ANDRADE RAMOS
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VOZ DO TELEOPERADOR DE EMERGÊNCIA: atuação fonoaudiológica dentro de centrais de atendimento distintas
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Orientador : MARIA FABIANA BONFIM DE LIMA SILVA
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Data: 24/09/2025
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Hora: 15:00
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Introdução: Teleoperadores de emergência estão expostos a demandas vocais intensas e condições
laborais que podem comprometer a saúde vocal e a qualidade de vida relacionada à voz. Estratégias de intervenção, como treinamentos vocais e orientações educativas, podem contribuir para a prevenção e manejo de distúrbios vocais nessa população. Objetivo: Investigar a influência das condições de trabalho na saúde vocal e na qualidade de vida em voz de teleoperadores de emergência de duas centrais distintas (João Pessoa e Fortaleza) e avaliar os efeitos de diferentes estratégias de intervenção fonoaudiológica sobre esses desfechos. Métodos: O estudo foi composto por dois delineamentos. O primeiro foi observacional, descritivo, analítico, transversal e quantitativo, com 88 teleoperadores (58 de Fortaleza não militares, carga horária de 6h/dia; 30 de João Pessoa militares, carga horária de 12h/dia), que responderam ao Perfil Vocal do Operador de Telemarketing (PVOT), Índice de Triagem de Distúrbios de Voz (ITDV) e Questionário de Qualidade de Vida em Voz (QVV). O segundo foi um ensaio clínico, de natureza quantitativo-qualitativa, com teleoperadores não militares do CIOPS/Fortaleza, alocados em grupo experimental (treinamento vocal presencial em três encontros, com abordagem eclética, aproximadamente 5 participantes) ou grupo controle (orientações por
folder/cartilha). Avaliações pré e pós-intervenção incluíram ITDV, QVV e Questionário de Saúde e
Higiene Vocal (QSHV). Resultados: No primeiro estudo, os sintomas vocais mais frequentes foram
pigarro (44,3%), garganta seca (43,2%), tosse seca (36,4%) e secreção na garganta (36,4%). Em ambas instituições, 38,6% dos participantes apresentaram indicação para acompanhamento fonoaudiológico. A proporção foi maior em João Pessoa (53,3%) que em Fortaleza (31%), com diferença significativa (p=0,042). A dimensão física do QVV foi melhor em João Pessoa (média=93,8; DP=9,14) que em Fortaleza (média=86,5; DP=13,7), sem diferenças na dimensão socioemocional. No segundo estudo, um total de 33 participantes, sendo 17 submetidos ao treinamento vocal e 16 que receberam o folder, com média de idade de 36,9 anos (DP = 9,96), sendo a maioria do sexo feminino (69,7%), mas com maior proporção de mulheres no grupo Folder (87,5%) em comparação ao grupo Treinamento (52,9%). Ambas as modalidades de intervenção oficina de treinamento e entrega de folder informativo mostraram se eficazes na redução de sintomas autorreferidos e na melhora dos indicadores de saúde vocal, conforme mensurado pelo ITDV (de 27,3% para 6,1%) e pelo QSHV (mediana de 23 para 26). Contudo, não foram observadas mudanças significativas na qualidade de vida em voz. Conclusão: Há correlação
entre distúrbios vocais autorreferidos e a pior percepção de qualidade de vida vocal entre teleoperadores de emergência. Diferenças entre contextos institucionais e carga horária impactam especialmente aspectos físicos da voz. Ambas as modalidades de intervenção treinamento vocal em grupo e folder informativo demonstraram resultados significativos na redução de sintomas vocais autorreferidos e na melhora de indicadores de saúde vocal quando comparados pré e pós-terapia de grupo.
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TALIANE ROCHA BALBINO
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Eficácia da ultrassonografia terapêutica associada a terapia miofuncional orofacial no tratamento da disfunção temporomandibular
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Orientador : SILVIA DAMASCENO BENEVIDES
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Data: 08/08/2025
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Hora: 14:00
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ARTIGO 1 - Introdução: A disfunção temporomandibular (DTM) é um conjunto de condições
que afeta a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas, causando dor, limitação
de movimento e alterações na mastigação e fala. Para seu tratamento, utilizam-se métodos não
invasivos como laser de baixa potência, eletroestimulação, biofeedback, bandagens e ultrassom
terapêutico (USt), sendo a cirurgia reservada a casos mais graves. O USt utiliza ondas sonoras de
alta frequência e pode aliviar a dor, reduzir a inflamação e melhorar a circulação sanguínea.
Objetivo: Verificar a eficácia da ultrassonografia terapêutica (USt) associada à terapia
miofuncional orofacial (TMO) em pacientes com DTM. Métodos: Ensaio clínico randomizado,
conduzido no Laboratório de Motricidade Orofacial da UFPB, com 26 mulheres com DTM
muscular crônica, entre 18 e 55 anos. As participantes foram divididas aleatoriamente em dois
grupos: G1 (TMO + USt) e G2 (TMO), submetidas a quatro sessões semanais. A coleta seguiu
quatro etapas: triagem pela Academia Americana de Dor Orofacial (AAOP), aplicação do protocolo
DC/TMD, avaliação miofuncional (AMIOFE) e intervenção. A TMO incluiu termoterapia,
alongamentos, relaxamento muscular, mobilidade mandibular e treino mastigatório funcional. O
USt foi aplicado nas regiões dos músculos masseter e temporal anterior. Ambos os grupos
receberam orientações sobre hábitos parafuncionais e exercícios domiciliares. Os desfechos
avaliados foram: intensidade da dor, limiar de dor à pressão (LDP), amplitude dos movimentos
mandibulares e padrão mastigatório. Resultados: O grupo TMO + USt apresentou melhora
significativa na abertura oral máxima (AOM) e na protrusão mandibular, com tamanho de efeito
alto, indicando ganho funcional relevante. Tendências à significância também foram observadas na
lateralidade direita e na abertura assistida. Ambos os grupos apresentaram redução significativa da
dor, com efeito ligeiramente maior no grupo combinado. A limitação funcional mandibular
reduziu-se significativamente apenas no grupo TMO, enquanto a função mastigatória melhorou de
forma significativa em tarefas específicas apenas no grupo TMO + USt. Embora os padrões
mastigatórios não tenham apresentado mudanças estatisticamente significativas, observou-se uma
reorganização clínica favorável no grupo TMO + USt, com transição para padrões bilaterais mais
funcionais. Discussão: A associação de TMO com USt demonstrou maior impacto clínico nas
variáveis funcionais avaliadas, apesar da ausência de significância estatística em alguns desfechos.
Os ganhos em amplitude mandibular, padrões mastigatórios e possível aumento nos limiares de dor
sugerem reorganização funcional e redução da sensibilidade dolorosa. No entanto, os valores de
LDP permaneceram abaixo dos níveis de referência, sugerindo persistência de sensibilização
central. Conclusão: Embora os resultados não confirmam estatisticamente a superioridade da
combinação TMO + USt, os efeitos clínicos observados indicam potencial terapêutico,
especialmente na dor, mobilidade mandibular e função mastigatória. Novos estudos com amostras
maiores e protocolos mais longos são recomendados para validação dos achados.
ARTIGO 2 - Introdução: A disfunção temporomandibular (DTM) caracteriza-se por um conjunto
de alterações que provocam dor na região orofacial, não originada nos dentes. Envolve músculos
mastigatórios, estruturas articulares e ossos da face. A etiologia da DTM é multifatorial, podendo
estar relacionada a alterações neuromusculares, hábitos orais deletérios, lesões traumáticas,
processos degenerativos e distúrbios psicoemocionais. Fatores como estresse, ansiedade e depressão podem desencadear ou agravar os sintomas da DTM, influenciando diretamente a percepção e a
duração da dor. Objetivo: Analisar as modificações psicossociais em pacientes com DTM durante o
tratamento com ultrassonografia terapêutica (USt) associada à terapia miofuncional orofacial
(TMO) e com TMO isolada. Métodos: Estudo descritivo e transversal, aprovado pelo Comitê de
Ética em Saúde (no 6.136.949), realizado em um Laboratório de Motricidade Orofacial da
Universidade Federal da Paraíba. A amostra foi composta por 26 mulheres entre 18 e 55 anos
diagnosticadas com DTM, conforme o protocolo DC/TMD (Diagnostic Criteria for
Temporomandibular Disorders). Utilizou-se o Eixo II do protocolo para avaliar aspectos
psicossociais. Os instrumentos aplicados foram: PHQ-4 (sofrimento psicológico), PHQ-9
(depressão), GAD-7 (ansiedade), OBC (comportamentos orais) e Escala de Dor Graduada.
Resultados: De forma geral, observou-se associação significativa entre sofrimento psicológico e
comportamentos orais disfuncionais antes do tratamento. No entanto, essa associação desapareceu
após a intervenção em ambos os grupos. No grupo TMO, identificou-se correlação significativa
entre comportamentos orais e sintomas depressivos antes do tratamento, que também deixou de ser
significativa após a intervenção. No grupo TMO + USt, essa associação não era significativa no
início, mas passou a ser após o tratamento, especialmente entre pacientes com sintomas depressivos
moderados e altos níveis de comportamentos orais. Não houve correlação estatisticamente
significativa entre dor crônica e os escores de sofrimento psicológico, ansiedade e depressão, tanto
antes quanto depois do tratamento, em ambos os grupos. Uma tendência marginal à significância foi
observada nos níveis de depressão quando analisadas todas as pacientes em conjunto. Discussão:
Os achados sugerem que a TMO isolada pode reduzir o impacto do sofrimento psicológico sobre
comportamentos orais disfuncionais. Apesar da associação entre depressão moderada e
comportamentos orais no grupo TMO + USt após o tratamento, observou-se tendência de melhora
nos escores de depressão nesse grupo. Isso está alinhado à literatura, que aponta benefícios da USt e TMO na função mandibular e possíveis efeitos psicossociais. Limitações como o tamanho amostral
reduzido e a subjetividade dos instrumentos de autorrelato podem ter influenciado os resultados.
Conclusão: Os resultados reforçam a importância de abordagens terapêuticas multidimensionais na
DTM e indicam a necessidade de novos estudos com amostras maiores e métodos complementares
para confirmar os efeitos psicossociais da TMO e da USt em pacientes com DTM.
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VALDÍZIA DOMINGOS DA SILVA
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PARTICIPAÇÃO E ATIVAÇÃO DO PACIENTE NOS CUIDADOS EM SAÚDE
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Data: 31/03/2025
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Hora: 14:00
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Introdução: A participação do paciente nos cuidados em saúde se refere à sua inserção no processo de cuidado com a sua saúde, para a realização escolhas autônomas, engajamento, conhecimento sobre as suas necessidades e processos de tratamento. O engajamento dos indivíduos nesta esfera tem dependência bidirecional, de responsabilidade dos profissionais e dos pacientes. Neste tocante, a investigação dos níveis de participação do paciente e suas necessidades são cruciais para um cuidado de qualidade no âmbito da saúde. Objetivo: Traduzir, adaptar e validar o questionário The Patient Action Inventory for Self Care (TPAI-SC) para o português brasileiro, bem como, mapear e descrever as evidências relacionadas à avaliação do engajamento de pacientes ou de seus familiares nos cuidados em saúde. Metodologia: A dissertação consiste no desenvolvimento de dois artigos distintos. O artigo 1 trata-se de um estudo metodológico, para a tradução, adaptação e validação do
protocolo TPAI-SC para o português brasileiro seguindo diretrizes estabelecidas para este tipo de estudo, e com uma equipe de juízes e teste e aplicação do protocolo traduzido. Este trabalho foi aceito no comitê de ética em pesquisa com seres humanos da universidade a qual se destinou a coleta. Já o artigo 2, é uma revisão de escopo que segue as diretrizes do PRISMA e na Joana Briggs, para sua estruturação metodológica e de escrita. Foram realizadas buscas nas bases de dados e portais da Pubmed, Scielo, Web of Science, PsycInfo, Scopus, Lilacs e no Google Acadêmico, utilizando os descritores ("patient participation", "patient activation", "patient engagement", "health-care", "self-care, assessment e meansure, relacionados. Em seguida foram selecionados de acordo com os critérios de elegibilidade selecionados para o presente estudo. Resultados: Foi realizada a tradução e adaptação do protocolo TPAI-SC para o português brasileiro, e realizada a validação piloto para o estrato da população selecionado e com ele, foi possível encontrar resultados positivos quanto à observação dos pacientes sobre suas próprias capacidades de engajamento, concepções sobre problemáticas do serviço e hipóteses de busca para possíveis soluções, compatível com o que o protocolo se destina. Já no artigo 2, foram encontradas possibilidades de protocolos que avaliam o engajamento dos pacientes, tanto para saúde geral quanto para doenças/populações específicas, nem todos disponíveis na língua portuguesa falada no Brasil, além disso, muitos estudos tiveram foco na validação e análises psicométricas de alguns protocolos com foco em populações específicas, com o objetivo de torná-los mais precisos e específicos para medições desejadas. Considerações Finais: Em ambos os artigos, os achados corroboraram para discussões sobre a importância do engajamento do paciente nos cuidados em saúde, associada a necessidade de investigação destas necessidades, para que os profissionais de saúde possam ampliar e conduzir da forma adequada o processo de engajamento.
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ISABELLE JOICY DE ARAÚJO FERREIRA
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TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA NO DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO DA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
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Data: 28/03/2025
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Hora: 14:00
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Artigo 1: Objetivo: Avaliar a acurácia da termografia infravermelha no diagnóstico da DTM de origem muscular. Método: Estudo de acurácia diagnóstico, aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (N° 6.136.949). A coleta ocorreu no laboratório de motricidade orofacial do departamento de fonoaudiologia da Universidade Federal da Paraiba (UFPB). A amostra foi composta por 70 mulheres, com idades entre 18 a 55 anos, divididas em dois grupos: GDTM (com DTM) e GC( grupo controle, sem DTM). Foram analisadas as temperaturas dos músculos temporal anterior e masseter, bilateralmente. O cálculo amostral foi realizado no software R (versão 4.3.3(, considerando nível de significância de 5% e poder de teste de 80%. Resultado: No masseter direito (MD), 41participantes apresentaram temperatura alterada. O ponto de corte adotado foi de 32,5°C, conforme Rodrigues Bigaton, sendo valores abaixo desse considerados alterados. Observou-se que 46,3% das participantes sem DTM(GC) apresentaram temperatura alterada. A especificidade para o MD foi de 0,557 considerada satisfatória, enquanto a sensibilidade foi de 0,537 considerada limitada. No masseter esquerdo 39 participantes apresentaram temperatura alterada em relação ao ponto de corte 32,6°C, sendo 59% pertencente ao grupo controle. A sensibilidade foi de 0,410, indicando baixa capacidade diagnóstica, enquanto a especificidade foi de 0,387. Para os músculos temporais, os resultados não indicaram boa acurácia diagnóstica. Conclusão: A termografia infravermelha mostrou potencial para auxiliar no diagnóstico da DTM ao analisar a temperatura do músculo masseter, podendo ser para auxiliada como exame complementar em triagens. Artigo 2: Objetivo: Verificar se existe correlação entre LDP e temperatura em pacientes com DTM. Método: Trata-se de um estudo descritivo, aprovado pelo comitê de ética em pesquisa em saúde, sob o número 6.136.949. A amostra consistiu em 35 mulheres, com idades entre 18 e 55 anos, que atenderam aos critérios de elegibilidade. Após a randomização, as participantes foram distribuídas igualmente em dois grupos: Grupo 1 (G1) mulheres com DTM enquanto o grupo 2 (G2) foi formado por mulheres sem diagnóstico de DTM. Resultados: Foi realizado o teste de correlação de Pearson o qual mostrou correlação inversamente proporcional, fraca e não significante, informando que as duas variáveis têm uma relação inversa, na qual uma variável deveria aumentar a outra diminuir, mas não ocorreu devido a relação entre elas serem pequenas. Conclusão: Após a análise estatística foi observado que não houve correlação, pois, a relação entre as variáveis temperatura e LDP se mostrou negativa das participantes com DTM.
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THAÍSE SARA COSTA DIAS
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DISTÚRBIO ALIMENTAR PEDIÁTRICO EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO: CONDIÇÕES MIOFUNCIONAIS OROFACIAIS
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Data: 28/03/2025
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Hora: 10:00
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O transtorno do espectro do autismo (TEA), é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits de comunicação social e padrões comportamentais restritivos e repetitivos. Devido a tais padrões e tendências ritualísticas, além de sensibilidades
sensoriais inerentes aos traços autistas, esse público muitas vezes manifestam características
seletiva ao se alimentar, principalmente na infância. Referente as habilidades alimentares, o sistema estomatognático (SE) tem papel fundamental, uma vez que é formado por um conjunto de estruturas, as quais executam as funções orais, que nelas estão respiração, mastigação, deglutição e fala. As crianças com TEA, por terem um desenvolvimento atípico, podem apresentar dificuldades motoras orais relacionadas à mastigação e à deglutição, problemas no trato gastrointestinal (TGI) e disfunção sensorial que por sua vez podem influenciar de forma direta ou indireta a alimentação. Dessa forma, destaca-se a importância de se ter um levantamento detalhado, das características do SE, além de identificar quais estruturas e funções estão de fato em déficit no público com autismo que possuem dificuldades alimentares, sendo possível ter como objetivos dos artigos, (1) caracterizar o perfil estomatognático de crianças no espectro do autismo nos diferentes níveis de
suporte e (2) investigar se existe relação entre o perfil estomatognático, as características do
distúrbio alimentar pediátrico e os diferentes níveis de suporte. Para tanto, seguindo uma
metodologia de estudo observacional descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, por meio dos protocolos MMBGR, EBAI E CARS, buscou-se encontrar respostas para os objetivos propostos. A amostra contou com 30 participantes, sendo 22 (73,33%) do sexo masculino e 8 (26,67%) do sexo feminino, com média de idade de 3,63 anos. Concluindo no aritgo 1, que que as características miofuncionais orofaciais de crianças com autismo, em sua maior parte, não diverge do perfil esperado para crianças de maneira geral. Em relação aos níveis de suporte, o nível 2 se destacou como perfil mais homogêneo em relação as características estudadas, seguido do nível 1. O nível 3 de suporte, embora não tenha demostrado características significativamente distantes do
esperado, foi o nível de suporte que mais apresentou variações. No artigo 2, , pode-se dizer que houveram relações entre nível de suporte e algumas características miofuncionais orofaciais no público investigado. Os aspectos de saúde oral dos dentes das crianças de nível de suporte 3 apresentou ser regular, o tônus labial de crianças no nível 2 de suporte se mostrou hipotônico, a postura de lábios e contenção de alimento ao mastigar, em crianças com autismo no nível 1, mostrou-se parcialmente alterada, além de haver escape de alimentos no mesmo nível de suporte.
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JESSYCA PORTO SANTANA
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OBSTRUÇÃO NASAL E REFLUXO LARINGOFARÍNGEO: RELAÇÕES COM PARÂMETROS PERCEPTIVO-AUDITIVOS, ACÚSTICOS, LARÍNGEOS, AERODINÂMICOS E DE AUTOAVALIAÇÃO VOCAL.
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Orientador : LEONARDO WANDERLEY LOPES
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Data: 26/03/2025
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Hora: 16:00
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Introdução: Distúrbios vocais podem ser causados por uma série de fatores, incluindo condições como a obstrução nasal (ON) e o refluxo laringofaríngeo (RLF). A ON, que pode ser provocada por fatores anatômicos ou inflamatórios, afeta a ressonância vocal, devido a dificuldade da passagem do ar pelas cavidades nasais. Isso leva a um esforço compensatório na laringe, o que pode gerar tensão muscular, cansaço vocal e até disfonias funcionais. Além disso, alterações nos parâmetros acústicos, como instabilidade na frequência fundamental, jitter e shimmer, são comuns em indivíduos com ON. O RLF, por sua vez, ocorre quando o conteúdo gástrico sobe até a laringe e a faringe, causando inflamação nas pregas vocais. Essa exposição contínua ao ácido pode levar a edema, espessamento da mucosa e prejudicar a vibração das pregas vocais, resultando em rouquidão, perda de qualidade vocal e dificuldades na projeção da voz. O refluxo também afeta os parâmetros acústicos, alterando a frequência vocal, a estabilidade do jitter e shimmer, e a relação harmônico-ruído (HNR), o que contribui para uma voz mais áspera e instável. Objetivo: analisar as relações entre a obstrução nasal (ON) e o refluxo laringofaríngeo (RLF) com as características laríngeas, parâmetros perceptivo-auditivos, acústicos, aerodinâmicos e de autoavaliação vocal. Método: Este é um estudo transversal e descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, que investiga a relação entre obstrução nasal (ON) e refluxo laringofaríngeo (RLF) com parâmetros vocais. A amostra foi composta por 88 participantes (41 masculinos e 47 femininos), com idade média de 32,46 anos, divididos em grupos: com ON e sem ON; com RLF e sem RLF. A seleção dos participantes seguiu critérios de elegibilidade e foi realizada por meio da técnica de amostragem Snow Ball. Na fase de coleta de dados, os participantes responderam a questionários sobre sintomas nasais e vocais, incluindo a Escala de Sintomas Vocais (ESV), Escala de Sintomas de Obstrução Nasal (NOSE) e Escala de Desconforto do Trato Vocal (EDTV). Foram realizadas também nasofibroscopia flexível e videolaringoestroboscopia, para verificar a presença de alterações anatômicas ou inflamatórias nas vias respiratórias superiores e na laringe. A coleta das amostras vocais foi dividida em duas partes realizadas no mesmo dia. Na primeira, as amostras foram analisadas quanto ao julgamento perceptivo-auditivo e extração de medidas acústicas, utilizando o software Fonoview e o Praat. Na segunda, foram coletadas medidas aerodinâmicas (como pressão subglótica, taxa de fluxo médio de ar e resistência glótica) por meio do software Aeroview e máscara de fluxo de Rothenberg. Resultados: Em relação a análise estatística entre os grupos com ON e sem ON, houve diferença significativa nos valores da Escala NOSE (0,025) e PAH Psub Average (0,04). Comparando o escore NOSE dos grupos com e sem ON com os demais parâmetros analisados (presença de desvio vocal, disfonia, desordem laríngea, a classificação da ESV, presença de lesão de bordo livre e de compressão laríngea) não houve diferença estatística entre os dois grupos. Já em relação ao escore NOSE e os escores da ESV, EDTV-F e EDTV-I, houve correlação positiva fraca.No que diz respeito ao RGE, houve uma tendência de associação entre RGE e disfonia (p=0,054), mas não alcançou significância estatística. Houve associação entre RGE e tabagismo (p=0,004). Comparando indivíduos com RGE e sem sinais de RGE em relação às variáveis relacionadas à voz e à função laríngea, o grupo com RGE apresentou associação significativa com alteração do escore da ESV, tempo de fechamento glótico e pressão subglótica. Conclusão: O conhecimento acerca das diferenças laríngeas, perceptivo-auditivas, medidas aerodinâmicas e de desconforto vocal em pacientes com ON e/ou RLF pode se constituir em uma informação clínica relevante para a conduta médica e fonoaudiológica. Tais achados podem favorecer o diagnóstico e o tratamento da ON e do RLF em populações de risco para o desenvolvimento dos distúrbios da voz, assim como nos estágios iniciais do tratamento de pacientes disfônicos.
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BRUNA ALVES RODRIGUES
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Fotobiomodulação combinada à terapia miofuncional orofacial na disfunção temporomandibular: Ensaio clínico randomizado
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Data: 26/03/2025
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Hora: 14:00
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Introdução: A disfunção temporomandibular (DTM) é um conjunto de alterações que afetam os
músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas adjacentes. Seu
tratamento exige uma abordagem multiprofissional, na qual a Terapia Miofuncional Orofacial
(TMO) se destaca como uma opção terapêutica. A associação da TMO com a fotobiomodulação
(FBM) tem sido estudada por seus possíveis efeitos no controle da dor, na modulação inflamatória
e na melhoria do desempenho mandibular. Objetivo: Avaliar a eficácia da FBM associada à TMO
no tratamento da DTM crônica. Metodologia: Estudo clínico randomizado, aprovado pelo Comitê
de Ética em Saúde (no 6.136.949), envolvendo 26 mulheres entre 18 e 55 anos, selecionadas
conforme critérios de elegibilidade. A coleta de dados ocorreu em quatro etapas, incluindo a
triagem pela Academia Americana de Dor Orofacial, a aplicação do protocolo Diagnostic Criteria
for Temporomandibular Disorders (DC/TMD) e a Avaliação Miofuncional Orofacial (AMIOFE). As
participantes foram aleatoriamente distribuídas em dois grupos: Grupo 1 (G1 FBM + TMO) e
Grupo 2 (G2 TMO isolada). O G1 recebeu quatro sessões semanais de TMO associada à FBM
nos músculos masseteres (superior, médio e inferior) e temporais (anterior, médio e posterior),
enquanto o G2 foi submetido apenas à TMO pelo mesmo período. Os desfechos clínicos
avaliados foram amplitude de abertura oral, limiar de dor à pressão (LDP), intensidade da dor por
escala visual analógica (EVA) e função mastigatória, além da análise de níveis de ansiedade,
depressão, estresse e comportamentos orais disfuncionais. Resultados: Ambos os grupos
apresentaram melhora na amplitude dos movimentos mandibulares, no padrão
mastigatório, no limiar e na intensidade da dor. No entanto, não foram observadas
diferenças estatisticamente significativas entre os grupos ou ao longo do tempo. Além
disso, não houve variações relevantes em relação à limitação mandibular, ansiedade,
depressão, estresse e sintomas orais. Observou-se que o grupo controle apresentou
maiores reduções nos níveis de limitação mandibular, estresse e depressão em
comparação ao grupo submetido à fotobiomodulação. Observou-se também a relação
entre determinados hábitos orais e sintomas psicológicos, como dormir em posição que
pressiona a mandíbula e estresse; ranger os dentes quando acordado e depressão;
ranger os dentes quando acordado e ansiedade; apertar os dentes quando acordado e
depressão; tensionar os músculos sem encostar os dentes e depressão; mastigar os
alimentos apenas de um lado e estresse; e mastigar os alimentos apenas de um lado e
ansiedade. Conclui-se que as abordagens adotadas contribuíram para a redução da dor e para a melhora da função mandibular e mastigatória. Entretanto, a relação da FBM à TMO
não apresentou superioridade estatística em relação à TMO isolada. Embora a TMO não
tenha como foco o tratamento direto da ansiedade, depressão e estresse, sua relação
com a DTM sugere que a redução de hábitos deletérios pode resultar em benefícios
secundários na diminuição desses sintomas.
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MONICA CLAUDINO MEDEIROS HONORATO
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Uso da mindfulness no tratamento do zumbido: consenso baseado na opinião de especialistas brasileiros.
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Data: 25/03/2025
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Hora: 14:00
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O zumbido é um sintoma que pode estar associado a diversas condições clínicas e, muitas
vezes, é considerado de difícil controle. Dentre as terapias disponíveis, a mindfulness ou atenção plena, tem trazido benefícios como: redução da gravidade do sintoma, do sofrimento psicológico e da incapacidade, como também redução na angústia gerada pelo zumbido. No entanto, há variabilidade nos protocolos na quantidade de sessões e no seguimento desses pacientes. O objetivo deste trabalho é desenvolver um consenso com experts otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos e fisioterapeutas acerca dos critérios de recomendação e uso da mindfulness aplicada ao tratamento do zumbido. Estudo do tipo observacional, descritivo, quantitativo e transversal. A pesquisa foi realizada de forma remota e online, por meio de uma websurvey hospedada na plataforma digital Google Forms. A amostragem, foi por conveniência e contou inicialmente com 23 especialistas com reconhecido conhecimento acerca do tema em estudo. Utilizamos o método Delphi que
consiste em um artifício para se estruturar a comunicação de um grupo de especialistas sobre um assunto complexo por meio de interações realizadas por questionários, divididos em duas etapas, acompanhadas de feedbacks, mantendo-se o anonimato das respostas dos participantes, na busca de um resultado em comum, através de cálculos estatísticos. A primeira etapa consistiu em perguntas objetivas e subjetivas e realizamos a análise das mesmas. A segunda etapa foi composta por 10 participantes que responderam 34 afirmativas derivadas dos temas e itens surgidos nas respostas da primeira etapa. Nela os especialistas deveriam analisar cada item e demonstrar seu nível de concordância em uma escala Likert de cinco pontos. Utilizou-se o coeficiente de validade de conteúdo (CVC) para investigar o grau de concordância entre os juízes e selecionar os itens finais do consenso. A partir dos resultados encontrados, houve consenso em 25 dos 34 itens (CVC ≥ 0,70). Os especialistas consideram que a mindfulness é um recurso terapêutico indicado para o zumbido, porém não como única terapia no zumbido (monoterapia). Em relação à frequência de aplicação dessa técnica, foi obtido consenso a indicação de uma vez por semana com prática diária domiciliar. Também houve concordância que o seguimento da terapia após 8 semanas pode ser feito
através de escalas como THI (Tinnitus Handicap Inventory) e EVA (Escala Visual Analógica). O único tópico onde não houve consenso foi a quantidade mínima de sessões para remissão. O presente estudo tem potencial para melhorar os critérios de recomendação e uso da mindfulness aplicada ao tratamento do zumbido. Os achados podem ser úteis para o desenvolvimento de futuras pesquisas e recomendações clínicas na área.
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THAÍS FERNANDES SEBASTIÃO
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Efeitos Imediatos de um programa de aquecimento vocal versus canto contínuo
na voz de cantores populares
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Data: 24/03/2025
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Hora: 14:00
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Objetivo: Verificar se há diferenças nos efeitos imediatos sobre medidas aerodinâmicas, acústicas e de autoavaliação entre cantores populares que participaram de uma atividade
contínua de canto de 20 minutos e aqueles que realizaram um programa estruturado de aquecimento vocal com a mesma duração. Método: Trinta cantores participaram do estudo, sendo 22 mulheres (73,3%) e oito homens (26,7%), com idade média de 26,10±6,21 anos. Todos os participantes responderam a protocolos de autoavaliação (Instrumento de Triagem para Disfonia - DSI-Br; Escala de Sintomas Vocais - ESV; e Índice de Desvantagem Vocal em Concerto Moderno - IDCM) e realizaram videostroboscopia laríngea na avaliação inicial. Todos os cantores passaram por duas intervenções (canto contínuo por 20 minutos e aquecimento vocal por 20 minutos), com um intervalo mínimo de 24 horas entre elas. Suas vozes foram gravadas e eles responderam à Avaliação da Capacidade de Cantar com Facilidade (EASE)
imediatamente antes e depois da intervenção. A partir das amostras vocais, o software Praat foi utilizado para extrair as medidas acústicas (desvio padrão da frequência fundamental, jitter, shimmer, razão
harmônico-ruído - HNR, diferença de amplitude entre os dois primeiros harmônicos do espectro vocal - H1H2, excitação glótica-ruído - GNE e proeminência do pico cepstral suavizado - CPPS). Já o software Aeroview foi usado para obter as medidas aerodinâmicas (pressão subglótica - Psub, taxa média de fluxo de ar - MFR e resistência glótica - sub/MFR). Resultados: Após o canto contínuo, houve um aumento nos valores da medida aerodinâmica MFR (p = 0,018) e GNE (p = 0,033), com redução nos valores de resistência glótica (p = 0,037). Por outro lado, o aquecimento vocal estruturado resultou em pontuações menores no EASE-Br (p < 0,001) e em um aumento da medida acústica HNR (p = 0,022). A análise
MANOVA indicou um efeito significativo do tipo de tarefa sobre o EASE-Br, com análises subsequentes revelando que o aquecimento vocal foi mais eficaz na redução das pontuações do EASE-Br em comparação ao canto contínuo, com tamanho de efeito considerado grande. Conclusão: Existem diferenças nos efeitos imediatos entre canto contínuo e aquecimento vocal. Após o canto contínuo, houve aumento na MFR e GNE, além da redução da resistência glótica, sem diferenças na auto percepção vocal. Em contraste, o aquecimento vocal estruturado melhorou significativamente a autoavaliação e a qualidade vocal, reduzindo a pontuação do EASE-Br e aumentando os valores da medida HNR.
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MARIANA PEREIRA ROQUE
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EFEITOS DA SOBRECARGA VOCAL EM VOZES SAUDÁVEIS: um estudo sobre sinais videolaringoestroboscópicos e sintomas clínicos da fadiga vocal
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Data: 27/02/2025
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Hora: 14:00
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: Introdução: A fadiga vocal é um fenômeno limitante ao falante que pode se
manifestar de forma diversa. Não há consenso sobre os parâmetros que podem caracterizar a fadiga vocal sendo, portanto, de difícil definição porque muitos fatores, como sintomas autorrelatados, sinais clínicos observados na voz e/ou na fisiologia laríngea e medidas instrumentais, podem ser critérios para sua determinação. Atualmente a fadiga vocal é vista como um constructo complexo, que associa a percepção do clínico com a percepção do paciente. Estudos que buscam avaliar os sinais laríngeos de fadiga vocal apontam que a exposição a uma demanda vocal prolongada pode resultar em alterações laríngeas e autoavaliação de fadiga por parte do paciente. A identificação desses sinais pode ajudar no diagnóstico clínico da fadiga vocal e na prevenção do desenvolvimento de possíveis alterações estruturais na laringe. Objetivo: Investigar os efeitos da sobrecarga vocal
em vozes saudáveis, caracterizar sinais videolaringoestroboscópicos da fadiga vocal e analisar sua associação com sintomas de fadiga vocal. Método: Trata-se de uma pesquisa transversal, descritiva, explicativa e quantitativa desenvolvida em duas etapas: na primeira etapa utilizou-se amostragem do tipo snowball para seleção do painel de especialistas e a técnica Delphi como método para obter consenso sobre parâmetros videolaringoestroboscópicos indicativos da fadiga vocal. Uma sequência
de rodadas de reuniões e administração de formulários online foi conduzida para seleção de
parâmetros que deram origem a um consenso sobre recomendações para avaliação
otorrinolaringológica da fadiga vocal. Na segunda etapa, indivíduos adultos, sem queixa de voz e sem alterações estruturais e funcionais da laringe, foram submetidos a uma atividade de sobrecarga vocal, caracterizada pela leitura de textos em intensidade vocal elevada, com duração de noventa minutos. O exame videolaringoestroboscópico foi realizado antes e após a atividade de sobrecarga vocal. Também foram aplicados questionários de autoavaliação vocal para análise da percepção de fadiga, esforço e qualidade da produção vocal por parte do participante em relação à sua própria voz. Os exames foram avaliados por otorrinolaringologistas experientes de forma cega e consensual, a partir dos parâmetros de um protocolo construído inicialmente. Resultados: Os resultados revelaram consenso superior a 80,0% para um conjunto de itens composto por tarefas e parâmetros relevantes para avaliação otorrinolaringológica da fadiga vocal, por meio do exame videlaringoestroboscópico. Tais itens compuseram um protocolo estruturado a ser recomendado para clínicos otorrinolaringologistas na avaliação de pacientes com suspeita de fadiga vocal ouexpostos a elevadas demandas vocais. Na segunda etapa do estudo, referente ao experimento realizado com atividade de elevada carga vocal, o julgamento cego dos juízes especialistas apontou diferença nas amostras avaliadas pré e pós sobrecarga, sendo que em 66,7 % dos casos o exame pré atividade de sobrecarga estava melhor. Sobre os parâmetros avaliados, houve significância estatística apenas para avaliação do padrão de fechamento glótico e aumento da proporção de algumas fendas glóticas pós atividade de carga vocal. Na autoavaliação dos sintomas de fadiga, esforço e piora na qualidade da produção vocal, foram observados piora em todos os instrumentos de autoavalição: Escala Analógica Visual de Fadiga Vocal (EAVFV), a Escala Borg CR10 e a Escala de Autopercepção da Qualidade de Produção Vocal (EAQPV) com atividade de sobrecarga vocal, mas essa piora não está associada à piora dos parâmetros do exame visual da laringe. Conclusão: O consenso obtido nas etapas do estudo, em relação aos parâmetros e à metodologia de
avaliação, fornece uma base importante para a futura aplicação clínica no diagnóstico e manejo da fadiga vocal. A piora do exame de videolaringoestroboscopia após atividade de sobrecarga vocal não está diretamente relacionada à piora dos sintomas por parte do paciente. No entanto, a percepção do paciente mostrou-se muito importante para o monitoramento e diagnóstico clínico da fadiga vocal para prevenir o desenvolvimento de alterações mais graves na laringe, bem como destacam a complexidade da fadiga vocal, que envolve tanto sinais objetivos quanto subjetivo.
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