CCHLA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: SUIANE MAGALHAES TAVARES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: SUIANE MAGALHAES TAVARES
DATA: 20/03/2025
HORA: 14:00
LOCAL: Google Meet
TÍTULO: O impacto da Crença no Mundo Justo e da Vitimização Secundária nas Decisões de Justiça para Vítimas e Perpetradores em Casos de Violência Sexual
PALAVRAS-CHAVES: Crença no mundo justo, vitimização secundária, violência sexual
PÁGINAS: 197
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
SUBÁREA: Psicologia Social
ESPECIALIDADE: Processos Grupais e de Comunicação
RESUMO: De acordo com a literatura sobre a reação das pessoas às situações de injustiça, a motivação das pessoas com a busca pela justiça é um princípio que orienta a reação delas quando são confrontadas com tais situações. As pessoas são motivadas a reparar a injustiça promovendo a compensação da vítima pelo seu sofrimento e punindo os culpados pela situação de injustiça, respectivamente designados comportamentos de promoção da “justiça restauradora” e da “justiça retributiva”. Por exemplo, em situações de violência, as pessoas tendem a agir de maneira a compensar a vítima e a punir o agressor. Porém, essa equação não é linear, pois a reação das pessoas perante estas situações depende do significado da pertença e do valor social das vítimas e dos agressores. Especificamente, na violência vivenciada pelas mulheres nas relações entre parceiros íntimos, que é onipresente na história das relações humanas, destaca-se a atribuição à vítima a responsabilidade pelo seu próprio infortúnio. Esse fenômeno é denominado vitimização secundária e se manifesta de várias formas, incluindo a culpabilização da vítima, a minimização de seu sofrimento e a evitação do contato com ela, negando-lhe o suporte social necessário para reparar a injustiça vivida e omitindo a punição aos agressores. No contexto dessa dinâmica, uma questão ainda a ser respondida é se, paradoxalmente, a motivação das pessoas para fazer justiça está relacionada a uma menor reparação à vítima por seu sofrimento e à absolvição do agressor em casos de violência sexual extrema, como em situações de estupro. Além disso, até o momento, a literatura sobre essa questão tem dado pouca atenção à maneira como as pessoas reagem ao compensar e punir simultaneamente tanto a vítima quanto o agressor. Nesse contexto, com base na teoria da Crença no Mundo Justo (CMJ) — que postula que as pessoas são motivadas a agir como se acreditassem que o mundo é um lugar justo, onde todos recebem o que merecem e merecem o que recebem —, esta tese propõe a hipótese de que a CMJ leva as pessoas a julgarem casos de estupro de maneira a promover a vitimização secundária. Esse processo psicossociológico pode explicar como homens e mulheres tendem a evitar compensar as vítimas e a absolver os agressores. Para testar essa hipótese, propomos um programa de pesquisa composto por oito estudos organizados em três artigos, estruturados da seguinte forma: No primeiro artigo, que inclui quatro estudos, o foco é apresentar evidências da validade de uma escala que mede diferenças individuais na vitimização secundária de vítimas de estupro, abrangendo culpabilização, evitação e minimização. No Estudo 1, foram desenvolvidos os itens da escala e analisada sua validade de conteúdo. No Estudo 2, realizou- se uma análise exploratória da estrutura fatorial, confirmando a fixação dos itens em três fatores teoricamente previstos. No Estudo 3, essa estrutura tri-fatorial foi validada por meio de uma análise confirmatória. No Estudo 4, exploramos a validade preditiva da escala, testando a hipótese de que a vitimização secundária medeia o efeito da CMJ no comportamento dos participantes em relação a uma vítima de estupro. Os resultados indicaram que a vitimização secundária, especialmente a minimização e a culpabilização, explicam a relação entre a CMJ e o valor da indenização atribuído a uma vítima de violência sexual. No segundo artigo, de natureza correlacional, fomos além ao realizar um estudo com autores de violência (Homens = 102) e vítimas (Mulheres = 97). Testamos a hipótese de que os agressores compensariam menos uma vítima em comparação com as participantes que eram vítimas de violência e que esse processo seria mediado sequencialmente pela CMJ e pela vitimização secundária. Os resultados mostraram que os agressores atribuíram menos indenização à vítima em comparação às participantes e maior indenização ao agressor. No entanto, apenas a primeira relação foi explicada sequencialmente pela CMJ e pela vitimização secundária. No terceiro artigo, desenvolvemos três estudos experimentais, a fim de manipular o contexto após uma situação de estupro. O Estudo 1 (N =227) indicou que participantes com alta Crença no Mundo Justo penalizaram mais a vítima, reduzindo sua indenização quando a denúncia foi feita à polícia (em vez das redes sociais) e quando ocorreu um mês após o infortúnio. O Estudo 2 (N = 248) confirmou esses achados e mostrou que a decisão judicial influencia a vitimização secundária da vítima, especialmente quando a punição do agressor motiva participantes da mesma categoria social a culpabilizá-la. O Estudo 3 (N = 250) replicou os resultados anteriores e revelou que os homens vitimizaram mais a vítima do que as mulheres. Os resultados que obtivemos no conjunto de estudos, embora tenham confirmado nossas previsões, destacam a necessidade de pesquisas futuras para aprofundar nossa compreensão sobre como as pessoas reagem quando uma vítima é compensada e o agressor é punido.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2014467 - CARLOS EDUARDO PIMENTEL
Interno - 2204608 - CICERO ROBERTO PEREIRA
Interno - 3303515 - JAQUELINE GOMES CAVALCANTI SA
Externo à Instituição - ELZA MARIA TECHIO
Externo à Instituição - EMERSON ARAÚJO DO BÚ
Externo à Instituição - KARLA SANTOS MATEUS