CCS - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA, EM NÍVEL DE MESTRADO ACADÊMICO (PPGSC)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: THAIS MUNHOLI RACCIONI

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: THAIS MUNHOLI RACCIONI
DATA: 26/11/2025
HORA: 10:00
LOCAL: On-line, via Google Meet
TÍTULO: BAJUKA, REDES DE CUIDADO E PRODUÇÃO DE VIDA: cartografia de uma pesquisadora-trabalhadora junto ao povo Warao em João Pessoa/PB
PALAVRAS-CHAVES: Warao. Saúde Coletiva. Necropolítica. Cuidado intercultural. Cartografia.
PÁGINAS: 112
RESUMO: A dissertação analisa a experiência de produção de vida do povo Warao junto e apesar da Rede de Atenção à Saúde em João Pessoa/PB. Os Warao são um povo indígena originário do Delta do Orinoco, na Venezuela, que migrou forçadamente para o Brasil em decorrência da crise humanitária e ambiental, encontrando nas cidades brasileiras condições precárias de abrigo, saúde e subsistência. O estudo, de natureza qualitativa, baseia-se na cartografia e na pesquisa-interferência, partindo da experiência implicada de uma pesquisadora trabalhadora no Centro Estadual de Referência de Migrantes e Refugiados (CERMIR), responsável pela implementação de ações de acolhimento e cuidado a indígenas venezuelanos refugiados. Compreende o campo como território vivo, onde se produzem sentidos, afetos e políticas, construindo o material empírico a partir do acompanhamento cotidiano das famílias Warao, registros em diário cartográfico, análise documental e diálogos com profissionais e indígenas. O objetivo é analisar a experiência de produção de vida do povo Warao junto e apesar da Rede de Atenção à Saúde e das políticas públicas brasileiras, evidenciando tensões e potências no encontro entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e os modos próprios de cuidado desse povo. A dissertação organiza seus resultados em três artigos: o primeiro traça a trajetória do povo Warao, das águas profundas do Delta Amacuro ao rio Parahyba, evidenciando o processo migratório e as condições que determinam o adoecimento e a precarização da vida; o segundo apresenta um relato de experiência no campo da saúde, destacando as barreiras institucionais e os atravessamentos interculturais nas práticas cotidianas de cuidado; e o terceiro analisa o processo de produção de saúde junto ao SUS, problematizando as lacunas nas políticas públicas que ao não reconhecer a interseccionalidade indígena-migrante-refugiada produzem políticas de morte. O referencial teórico articula os conceitos de necropolítica, micropolítica e produção de vida, encantaria, re-existência, ancestralidade, fronteiras e encruzilhadas. Apesar das múltiplas expressões de morte que atravessam a vida Warao — desterritorialização, racismo institucional, violências de gênero, exclusão e apagamento epistêmico — emergem práticas de resistência e reinvenção do cuidado que afirmam potências de vida e tensionam as fronteiras coloniais das políticas públicas. Defende-se a urgência de políticas que integrem perspectivas interculturais de cuidado, reconhecendo os povos indígenas migrantes como sujeitos de direitos e coautores na produção de saúde e vida.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente(a) - 1366694 - JULIANA SAMPAIO
Externo(a) à Instituição - LAURA CAMARGO MACRUZ FEUERWERKER
Externo(a) à Instituição - SOFIA BEATRIZ MACHADO DE MENDONÇA