PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: KATRUCCY TENÓRIO MEDEIROS

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: KATRUCCY TENÓRIO MEDEIROS
DATA: 24/08/2018
HORA: 08:30
LOCAL: auditório 411
TÍTULO: MODELO EXPLICATIVO DA EXCLUSÃO SOCIAL DE MULHERES USUÁRIAS DE DROGAS COM BASE NO PRECONCEITO E NOS ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO
PALAVRAS-CHAVES: preconceito; drogas; exclusão social; estereótipos de gênero; mulheres
PÁGINAS: 242
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
SUBÁREA: Psicologia Social
RESUMO: Ainda que se visualize, na atualidade, uma diminuicao da rigidez social referente aos generos, as mulheres ainda se defrontam com o preconceito como seu maior adversario, tanto na sua manifestacao direta, quanto na sua expressao mais sutil, sendo o preconceito agravado quando as mulheres se envolvem em comportamentos considerados “transgressores”, como o consumo de drogas. Assume-se que, embora haja o discurso da inclusao, as usuarias de drogas constituem-se alvo de exclusao social, onde sao atribuidas caracteristicas de periculosidade e moralizacao, alem da contramao dos estereotipos de genero. A partir de uma abordagem multimetodo, foram realizados cinco estudos empiricos, cujo objetivo geral concentrou-se em criar um modelo explicativo da exclusao social de usuarias de drogas com base no preconceito e nos estereotipos de genero. Tais estudos estao articulados com o objetivo de responder a seguinte tese: As usuarias de drogas sao alvos de exclusao social explicada pela percepcao de ameaca, moralizacao e pelos estereotipos de genero. O Estudo 1, qualitativo, buscou conhecer e comparar os estereotipos das mulheres com os das mulheres tidas como usuarias de drogas. Participaram 100 universitarios de uma universidade publica na cidade de Joao Pessoa- PB, com media de idade de 22 anos, sendo a maioria mulheres (67%). Utilizou-se a Tecnica de Associacao Livre de Palavras (TALP) com os estimulos indutores Mulher e Mulher Usuaria de Drogas, analisados com o auxilio de um software de analise textual e interpretados por meio da Analise de Similitude. Em relacao ao estimulo Mulher, observou-se conteudos materno-familiares e a persistencia de estereotipos femininos relacionados a beleza, afetividade e ao contato interpessoal, revelando uma avaliacao aparentemente positiva, corroborando o criterio de sociabilidade. Quanto ao estimulo Mulher Usuaria de Drogas, os conteudos foram mais subjetivos e afetivos, ligados ao sentimento de abandono e isolamento, que se traduzem num enfoque negativo desta categoria. O Estudo 2, de carater correlacional e utilizando uma amostra de 208 universitarios brasileiros, sendo 64% mulheres com media de idade de 23 anos, objetivou criar a medida: Escala de Estereotipos Femininos frente as Usuarias de Drogas (EEFMUD); e adaptar e validar os seguintes instrumentos: Escala de Percepcao de Ameaca frente as Mulheres Usuarias de Drogas (EPAMUD); Escala de Moralizacao frente as Mulheres Usuarias de Drogas (EMMUD); Escala de Intencao de Contato Social frente as Mulheres Usuarias de Drogas (EICSMUD); e Escala de Exclusao Social frente as Mulheres Usuarias de Drogas (EESMUD). Os resultados apontaram bons indicadores de validade e de precisao. Ja o Estudo 3, reuniu evidencias de aceitabilidade das medidas empregadas no estudo anterior, utilizando-se de nova testagem com 200 universitarios brasileiros, 59% mulheres com media de idade de 21 anos. Os resultados comprovaram a adequabilidade das medidas testadas, assegurando bons indicadores psicometricos. Ja o Estudo 4, buscou dimensionar o efeito preditivo dos estereotipos, da percepcao de ameaca, da moralizacao e da intencao de contato social na exclusao social, utilizando uma amostra de 400 universitarios (61,5% mulheres) com media de 22 anos de idade, de universidade publica na cidade de Joao Pessoa. O modelo de regressao [F (3, 126) = 0,48, p < 0,01] inicalmente revelou que apenas os estereotipos de genero (ß = 0,08, p< 0,01); a percepcao de ameaca ß = 0,34, p< 0,01); e a moralizacao (ß = 0,37, p< 0,01), tiveram efeito preditivo estatisticamente significativo na exclusao social. Ao avaliar o efeito de mediacao dos Estereotipos, da Percepcao de Ameaca e da Moralizacao na variavel Exclusao Social, a partir da Intencao de Contato Social, observou-se o seguinte efeito estatisticamente significativo: λ = 0,55, IC 90% = 0,51/0,03 p<0,01; alem disso, os efeitos diretos dos Estereotipos λ = 0,21 (IC 90% = 0,17/0,03) p< 0,01, da Percecao de Ameaca λ = 0,53 (IC 90% = 0,50; 0,04) p< 0,01, e da Moralizacao λ = 0,15 (IC 90% = 0,08; 0,02) p< 0,01 na Exclusao social foram tambem estatisticamente siginificativos. Conclui-se que o modelo de mediacao simples teve o melhor ajustamento, expressando alta aptidao e compatibilidade com as relacoes que foram elaboradas baseadas na teoria. E por ultimo, o Estudo 5, de carater transcultural, qualitativo, buscou comparar os atributos estereotipicos associados a mulher e a mulher usuaria de drogas no Brasil e em Portugal, com 100 universitarios de cada localidade com media de idade de 22 anos. Utilizou-se a TALP com os termos indutores mulher e mulher usuaria de drogas/mulher toxicodependente, analisada por meio do software de analise textual, a partir da analise de similitude. Sobre o estimulo “mulher”, em ambos os grupos estiveram presentes componentes de sociabilidade, como saliencia do contexto maternal e dos estereotipos de expressividade. Quanto as usuarias de drogas, observou-se entre os brasileiros imagens estereotipadas baseadas na expressividade emocional negativa, de submissao e composta por tracos de passividade; e entre os portugueses, emergiram tracos que dao destaque a um quadro patologico a partir dos termos “vicio”, “doenca” e “seringa”. Este estudo revelou que o contexto cultural no que se refere ao genero e a questao das drogas exerce influencia na forma como os individuos se relacionam com as usuarias, e consequentemente, na expressao do preconceito frente a este grupo. De modo geral, o conjunto de estudos realizados possibilitou responder a tese proposta, a qual propoe que a exclusao social de mulheres usuarias de drogas e explicada pelas variaveis de percepcao de ameaca, estereotipos de genero e pela moralizacao, tendo a intencao de contato a funcao de mediar essa relacao. Ademais, a comparacao transcultural sobre a estereotipagem da mulher e das usuarias de drogas permitiu elucidar alguns questionamentos sobre os elementos culturais que emergem enquanto base de conhecimento social difundido sobre a tematica nos dois paises. Acredita-se, portanto, que tais estudos empreenderam importantes contribuicoes no entendimento da associacao dos estereotipos de genero e do preconceito com a manifestacao da discriminacao frente ao grupo de mulheres no contexto de uso de drogas.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1285229 - SILVANA CARNEIRO MACIEL
Interno - 2014467 - CARLOS EDUARDO PIMENTEL
Externo ao Programa - 1519736 - TATIANA DE LUCENA TORRES
Externo à Instituição - ANDREA XAVIER DE ALBUQUERQUE DE SOUZA