PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: MARIA DO SOCORRO ROBERTO DE LUCENA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARIA DO SOCORRO ROBERTO DE LUCENA
DATA: 29/09/2022
HORA: 09:00
LOCAL: Sala virtual do Google Meet
TÍTULO: “AQUELES QUE A SOCIEDADE JULGA SER DE MULHER, MAS MULHER QUE NÃO ESTUDOU”: ANÁLISE DA RELAÇÃO SUBJETIVIDADE E TRABALHO DAS MULHERES TRABALHADORAS DOMÉSTICAS DIARISTAS
PALAVRAS-CHAVES: Trabalho doméstico, diaristas, gênero, interseccionalidade
PÁGINAS: 169
RESUMO: As perspectivas feministas que ancoram suas interpretações sob as noções de relações sociais sexuadas ou gendradas e divisão sexual do trabalho vêm garantindo ou cuidando para que o gênero não seja esquecido na leitura do campo social ou dos fenômenos decorrentes dele, como, por exemplo nas análises sobre o mundo do trabalho. Embora tais perspectivas evidenciem a importância do gênero, juntamente ou interseccionado à raça/etnia e classe social, para a compreensão das condições da classe trabalhadora feminina e dos processos de opressão-exploração no/pelo trabalho que as mulheres desenvolvem, essas considerações não figuram ou são incipientes em diversos campos teórico-práticos, como é o caso da Psicologia do Trabalho. Cenário especialmente preocupante em contexto brasileiro, cuja sociedade é historicamente marcada pelo racismo, sexismo e classismo e, que tem como expoente dessa história e de sua perenidade o trabalho doméstico remunerado (TDR). Assim, esta tese tem como objetivo analisar a(s) especificidade(s) da classe trabalhadora feminina das mulheres trabalhadoras domésticas diaristas, considerando no plano teórico a literatura pertinente, os indicadores sociais e a produção científica brasileira, no plano empírico a relação subjetividade e trabalho. Partimos do pressuposto de que as relações de gênero e seus correspondentes em termos de raça e classe social subsidiam e interferem nas situações e vivências laborais das mulheres trabalhadoras domésticas diaristas. Para tanto, a presente tese está organizada em um capítulo e quatro artigos, sendo dois teóricos e dois empíricos. O capítulo que antecede os artigos tem a função de apresentar de forma mais detalhada as conjecturas que sustentam a noção de relações sociais de gênero, sua transversalidade e o reconhecimento do gendramento da classe trabalhadora. O primeiro artigo objetivou evidenciar e discutir acerca das implicações do contexto de reestruturação produtiva e crise sociossanitária no trabalho e vida das mulheres. Nele realizamos um levantamento de informações mediante o acesso a relatórios, produções científicas e indicadores sociais nacionais e internacionais. Observamos que em contexto de (re)produção neoliberal, a maioria das mulheres trabalhadoras, sobretudo aquelas que acumulam desvantagens e vulnerabilidades, se encontram em trabalhos precários e flexíveis. A pandemia de Covid-19 deixou à amostra tal conjuntura e inscreveu desafios para a luta feminista, principalmente ante os avanços das contrarreformas e dos mecanismos dissimulatórios ou manipulatórios, como no caso brasileiro. O segundo artigo tratou de uma metanálise qualitativa da produção científica brasileira sobre TDR e gênero. Para tanto, uma revisão sistemática foi realizada em cinco bases de dados nacionais eletrônicas. Após seleção pelos critérios de inclusão e análise dos(as) juízes(as), 13 artigos foram avaliados. Nestes também foi realizada uma análise cientométrica. Os achados indicam que, dentre eles o gênero é entendido como ferramenta analítica indispensável para o entendimento da organização socioeconômica do TDR e do cotidiano de trabalho/vida das mulheres que o desenvolve, sendo uma tendência a adoção de uma abordagem interseccional. Ademais, verificamos a necessidade de mais estudos empíricos que, inclusive, contemplem as realidades da região Norte e Nordeste, e os aspectos (inter)subjetivos. O terceiro artigo, ainda em fase de desenvolvimento, tem como objetivo compreender as repercussões das relações de gênero e seus correspondentes em termos de raça e classe social na trajetória laboral enquanto mulheres diaristas e os atravessamentos dessa(s) identidade(s) na mobilização subjetiva das trabalhadoras. O quarto artigo, buscou analisar as expressões de gênero relacionadas ao trabalho e sua interseccionalidade com raça e classe social nos impactos do contexto pandêmico sobre o trabalho e a saúde mental das mulheres trabalhadoras domésticas diaristas. Para tal fim, foram realizadas dez entrevistas individuais em ambiente virtual. Os resultados e/ou as análises refletem o papel das dinâmicas de gênero, raça e classe social na natureza, intensidade e exploração do sofrimento experenciado pelas diaristas nesse cenário, assim como as repercussões desses entrecruzamentos no acesso ao cuidado. Acreditamos que a combinação das investigações e das análises contidas neste estágio do trabalho fornecem elementos de inteligibilidade sobre a condição de mulher trabalhadora doméstica diarista, bem como de sua relação com a configuração das vivências subjetivas e a qualidade da saúde dessas trabalhadoras. Ademais, nos convidam a refletir de forma crítica e inventiva sobre as dificuldades ou os caminhos de enfrentamento das desigualdades de gênero, raça e classe social, que atravessam substancialmente as questões de trabalho e de vida das diaristas.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1543226 - PAULO CESAR ZAMBRONI DE SOUZA
Interno - 1024895 - MARIA DE FATIMA PEREIRA ALBERTO
Externo à Instituição - RUTH MARIA DE PAULA GONÇALVES