PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: CAMILLA VIEIRA DE FIGUEIREDO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: CAMILLA VIEIRA DE FIGUEIREDO
DATA: 29/09/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Ambiente virtual via google meet
TÍTULO: VIESES BASEADOS NA IDENTIDADE DE GÊNERO EM JULGAMENTOS DE DOR SOCIAL
PALAVRAS-CHAVES: Dor social; identidade de gênero; valor social; transgênero; comparação social.
PÁGINAS: 120
RESUMO: Experiências sociais aversivas ameaçam o bem-estar ao promover nos indivíduos dor social. A dor social corresponde ao sofrimento psicológico experimentado por indivíduos quando percebem que foram rejeitados, excluídos ou ostracizados por pessoas de seu círculo social. Pesquisas anteriores demonstraram a existência de vieses nos julgamentos de dor social de membros de diferentes grupos sociais. As descobertas desses estudos apontam que endogrupos são considerados mais sensíveis à dor social em comparação com exogrupos. No entanto, esse efeito levanta uma potencial inconsistência, pois, sendo a dor um atributo essencialmente negativo, atribuir mais dor social ao endogrupo desafia a motivação das pessoas para distinguir positivamente o endogrupo de exogrupos em dimensões relevantes. Isso sugere que a dor social pode abranger diferentes significados e funções a depender do cenário de comparação social em questão na relação intergrupal. Partindo dessa premissa, desenvolvemos um programa de pesquisas para investigar vieses baseados na identidade de gênero nos julgamentos de dor social e explorar a hipótese da multidimensionalidade da dor social no contexto das relações cisgênero-transgênero. Nossa tese é de que pessoas cisgênero atribuirão mais dor social a alvos transgêneros do que a alvos cisgênero quando a dimensão de comparação social entre esses grupos se basear no valor social das categorias. Nessa dimensão, a dor social assume o seu significado simbólico originalmente negativo e deve refletir a desvalorização social da identidade transgênero (dimensão simbólica da dor). Paradoxalmente, quando a dimensão de comparação social envolver a obtenção de recursos para tratamento da dor (e.g., assistência profissional em saúde mental), os cisgêneros atribuirão menos dor social aos transgêneros (vs. cisgêneros). Nesse caso, a dor social deve assumir uma função utilitária de garantir o maior acesso aos recursos para o endogrupo cisgênero (dimensão utilitária da dor). Para testar essas previsões, desenvolvemos quatro estudos experimentais, organizados em dois artigos. O Artigo 1 reúne três estudos e explora a atribuição de dor 3 social aos alvos cisgêneros e transgêneros numa dimensão simbólica. No Estudo 1 (N = 223), demonstramos que os participantes cisgênero atribuem mais dor social a alvos transgêneros (vs. cisgênero), especialmente às mulheres transgênero. O Estudo 2 (N = 275) demonstrou que a maior atribuição de dor está relacionada à desvalorização da identidade transgênero. No Estudo 3 (N = 308), manipulamos aspectos positivos (vs. negativos) da identidade transgênero e observamos uma redução do viés em relação à dor social. Esse efeito foi mediado por um aumento na valoração social da identidade transgênero. Sumariamente, os resultados revelam que o viés de dor social ocorre exclusivamente para alvos com sexo masculino atribuído no nascimento (i.e., mulheres transgênero e homens cisgênero) e fornecem evidências pioneiras que destacam que a dor social pode servir como um mecanismo para expressar a estigmatização de identidades minoritárias, como a das mulheres transgênero. No Artigo 2, desenvolvemos um estudo (N = 602) para testar a hipótese de que a dimensão da dor social (simbólica vs. utilitarista) molda a atribuição de dor social a homens cisgênero e mulheres transgênero e pode, potencialmente, impactar a atribuição de suporte profissional para o gerenciamento da dor. Os resultados são coerentes com a nossa hipótese, revelando principalmente que, na condição simbólica da dor, os participantes atribuem mais dor social à mulher transgênero (vs. homem cisgênero). No entanto, que não diferenciaram a atribuição de dor social aos alvos na condição utilitarista, embora a média de dor atribuída ao homem cisgênero tenha sido superior. Este resultado indica uma maior atribuição de dor à mulher transgênero, mas apenas quando recursos de assistência à saúde não estão salientes. Implicações para a literatura sobre dor social e preconceito anti-transgênero são discutidas.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2204608 - CICERO ROBERTO PEREIRA
Interno - 2014467 - CARLOS EDUARDO PIMENTEL
Externo à Instituição - LUANA ELAYNE CUNHA DE SOUZA