PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: TAMIRIS DA COSTA BRASILEIRO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: TAMIRIS DA COSTA BRASILEIRO
DATA: 10/10/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Sala virtual no Google Meet
TÍTULO: VIOLÊNCIA SEXUAL: DO DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO A UMA PROPOSTA DE MODELO EXPLICATIVO DE PREVENÇÃO
PALAVRAS-CHAVES: violência sexual; diagnóstico; prevenção; crenças; valores; atitudes; comportamentos
PÁGINAS: 235
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
SUBÁREA: Psicologia Social
ESPECIALIDADE: Relações Interpessoais
RESUMO: O objetivo deste estudo é explicar alguns aspectos que favorecem a prevenção da violência sexual (VS) contra crianças e adolescentes. A tese defendida é a de que conhecer o diagnóstico da situação (problema) da VS e esclarecer como a prevenção da VS é entendida na escola, leva a uma maior conscientização sobre a necessidade de comportamentos de prevenção primária; e estes, por sua vez, são explicados pela relação entre os aspectos subjacentes (crenças, valores e atitudes). Para atender a este objetivo, estruturou-se a tese em um capítulo teórico e quatro empíricos, resultados de artigos. O Capítulo 1 apresenta uma revisão da literatura sobre a VS na história, políticas de prevenção e enfrentamento deste tipo de violência, além das teorias da Psicologia Social (crenças, valores e atitudes) que embasam esta tese. O Capítulo 2, de natureza documental e descritiva, objetivou traçar o perfil das notificações de VS contra crianças e adolescentes, registrado no Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes (VIVA; SINAN/NET) da cidade de João Pessoa, entre 2017 e 2020. Foram analisadas 255 notificações por meio do software SPSS versão 21.0. Os resultados demonstraram que as notificações de VS são mais frequentes em pré-adolescentes do sexo feminino e pardas. A maioria das notificações se configurou como abuso sexual (AS), ocorreu uma única vez, em residência domiciliar, com agressor do sexo masculino e namorado da vítima. O tempo entre o episódio e a divulgação do AS foi maior em adolescentes [t(253)= -2,75, p=0,001] e o estupro foi mais observado entre meninas (χ2=12,305/gl=4, p=0,015), não tendo sido possível identificar quais foram os órgãos notificantes. Quando o AS ocorreu em residência, observou-se tendência de os episódios se repetirem χ2(30)=178,74, (p<0,001). Os casos foram encaminhados para diversas políticas de proteção, no entanto, não se constatou articulação e coordenação entre os órgãos notificadores. Considerando a escola como espaço propício para a proteção de crianças e adolescentes e, consequentemente, para prevenir casos de VS, formulou-se o Capítulo 3. Este, de cunho exploratório, buscou compreender como são entendidas e efetivadas as ações prevenção da VS por professores do ensino fundamental. Participaram 41 professores de escolas públicas e privadas (38,1%), sendo maioria do sexo feminino, com idades entre 29 e 58 anos (M=42,6; DP=7,15). Foi aplicado um questionário online, além de questões sociodemográficas. Utilizou-se a Classificação Hierárquica Descendente para analisar as respostas com o auxílio do software Iramuteq. Os resultados apontaram quatro classes no eixo sobre Atuação na Política de Enfrentamento e duas classes no eixo acerca da Articulação entre Políticas de Saúde e Educação. Os participantes demonstraram escassez de conhecimentos quanto às normas e políticas de prevenção à VS, falta de capacitação sobre direitos humanos e necessidade de serem mais atuantes como agentes de prevenção. Além disso, perceberam a prevenção mais voltada para a dimensão secundária (depois que a violência acontece) do que primária (antes mesmo de se manifestar). A aproximação entre as políticas de saúde e educação sugere a possibilidade de um manejo mais abrangente e adequado no enfrentamento do problema da VS. Nesta direção, foi pensado em que medida os aspectos subjacentes (crenças, valores e atitudes) se relacionam e favorecem comportamentos de prevenção primária da VS. Foi proposto, portanto, o Capítulo 4 que se insere no campo da Psicometria e procurou conhecer evidências psicométricas (validade fatorial e consistência interna) da Escala de Atitudes Frente à Prevenção do Abuso Sexual (EAFPAS) e Escala de Intenção Comportamental de Prevenção ao Abuso Sexual (EICPAS). Dois estudos foram realizados com uma população geral. No Estudo 1, participaram 223 pessoas, maioria do sexo feminino (76,2%), solteira (60,1%), com média de idade de 32,12 (DP= 11,15), que responderam a EAFPAS e perguntas demográficas. Os itens da medida apresentaram uma estrutura unifatorial, com alfa de Cronbach de 0,83. O Estudo 2 contou com outros 223 participantes, maioria do sexo feminino (72,3%) e solteira (70,4%), com idade média de 30,39 anos (DP = 9,09). Por meio da análise fatorial confirmatória, observou-se que a estrutura unifatorial representou a melhor alternativa para ambas as medidas, sendo que a EAFPAS teve redução de 16 para 9 itens, com alfa de Cronbach de α = 0,89 e a EICPAS foi reduzida de 10 para 6 itens, com alfa de Cronbach de 0,80. Conclui-se que ambos os instrumentos possuem evidências de validade fatorial e confiabilidade, podendo medir, respectivamente, atitudes e comportamentos de prevenção da violência sexual na população geral. Por fim, o Capítulo 5 versa sobre a proposta de um modelo teórico explicativo dos comportamentos de prevenção a partir das crenças, valores e atitudes. Pretendeu-se saber em que medida a relação entre crenças, valores e atitudes explicam comportamentos de prevenção à violência sexual. Participaram 207 estudantes de cursos de licenciatura, com idades variando entre 68 e 18 (M= 26,1; DP= 12,3), sendo maioria do sexo feminino (53,4%) e solteira (72,6%). Estas responderam a Escala de Atitudes frente à Prevenção do Abuso Sexual, a Escala de Crenças sobre o Abuso Sexual, o Questionário de Valores Básicos e a Escala de Intenção Comportamental de Prevenção ao Abuso Sexual. Os resultados das correlações de Pearson mostraram que houve correlação negativa entre crenças e comportamentos de prevenção VS (r=-0,50; p < 0,001); que as atitudes de prevenção à VS se correlacionaram positivamente com comportamentos de prevenção (r=0,45; p < 0,001), valores da subfunção suprapessoal (r=0,37; p < 0,001), interativa (r=0,15; p < 0,05) e existência (r=0,20; p < 0,05) e negativamente com os valores da subfunção normativa (r=-0,34; p < 0,001). A análise de mediação evidenciou que a relação entre crenças sobre a VS e comportamentos de prevenção da VS é mediada pelas atitudes (efeito indireto: β = -0,25, IC 95% (b) [-0,43; -0,04], p = 0,018). Por fim, quando os níveis de suprapessoal eram muito baixos, a relação entre crenças e comportamentos é mais fraca (b = -0,43; p < 0,001) do que quando os níveis de valor suprapessoal são altos (b = -0,99; p < 0,001); do mesmo modo, evidenciou-se que quando os níveis de interativo eram baixos, a relação entre crenças e comportamentos é mais fraca (b = -0,25; p < 0,001) do que quando os níveis de valor interativo são altos (b = -0,93; p < 0,001), indicando que os valores suprapessoal e interativo moderam o impacto dessa relação. O conjunto de artigos permitiu reunir informações importantes para subsidiar teórica e metodologicamente programas de prevenção na escola.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2483066 - PATRICIA NUNES DA FONSECA
Interno - 1024895 - MARIA DE FATIMA PEREIRA ALBERTO
Externo à Instituição - GABRIELA ISABEL REYES ORMENO
Externo à Instituição - MARIA LIGIA DE AQUINO GOUVEIA
Externo à Instituição - RICARDO NEVES COUTO