PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: HELOISA BARBARA CUNHA MOIZEIS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: HELOISA BARBARA CUNHA MOIZEIS
DATA: 30/10/2023
HORA: 15:00
LOCAL: Googgle Meet
TÍTULO: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE A ORIGEM DA VIDA HUMANA: ESTUDOS COMPARATIVOS ENTRE BRASIL E ESPANHA
PALAVRAS-CHAVES: psicologia social, representações sociais, origem da vida humana, aborto, embrião, grupo social
PÁGINAS: 130
RESUMO: O debate em torno do começo da vida humana envolve polarizações entre tomadas de posições que concedem ao zigoto um direito absoluto à vida desde a concepção e os que conferem à mulher o direito de decidir sobre seu corpo. À vista desse cenário, o aborto configura-se como uma das pautas presentes na agenda dos direitos sexuais e reprodutivos e as sociedades se dividem em três grandes grupos no que diz respeito a essa problemática, a saber: a) os países em que o aborto é permitido em qualquer hipótese; b) os países em que o aborto é permitido sob algumas condições, por exemplo quando a gravidez resulta de uma violência sexual e c) os países em que o aborto é veemente proibido. O Brasil e a Espanha apresentam legislações distintas quanto a prática do aborto. Enquanto a Espanha se enquadra nos países em que o aborto é legal, o Brasil apresenta uma legislação restritiva, em que só é permite o aborto em três situações especificas: quando não há outro meio de salvar a vida da gestante; quando a gravidez resulta de estupro ou, por analogia, de outra forma de violência sexual e, em casos de fetos anencéfalos. Nesse contexto, é importante levar em consideração as diferenças substancias que existem na legislação e na regulamentação proposta por cada Governo e seus desdobramentos no âmbito do início, desenvolvimento e fim da vida humana. Vale salientar que a Teoria das Representações Sociais tem sido foco de investigação na construção do pensamento social sobre objetos como o aborto e embrião humano. Partindo dessa premissa, a tese ora apresentada tem como objetivo geral investigar as representações sociais sobre a origem da vida humana no Brasil e na Espanha. Parte-se do princípio de que as tomadas de posição frente aos objetos sociais, nesse caso, a origem da vida humana, está ancorada em variáveis de cunho psicossociológico, a exemplo dos valores humanos e sociológicos, como os movimentos sociais e a ideologia política. Ademais, possuem estruturas representacionais distintas acerca do embrião e aborto, de ordem cognitiva e/ou social. Para testar essas previsões, a presente tese está organizada em três artigos. O primeiro artigo objetivou analisar as representações sociais desses dois grupos sociais acerca da origem da vida humana e como os valores humanos, a adesão ao movimento feminista e o partidarismo político se relacionam com essas representações sociais. Participaram desse estudo 192 estudantes universitários brasileiros e 232 espanhóis. Os dados sugerem que, para o Brasil, de maneira geral, à origem da vida humana está relacionada à autonomia do feto e no que se refere à Espanha, esteve associada à decisão da mulher. O artigo 2 investigou as implicações teórico-metodologicas da análise estrutural das representações sociais sobre o embrião e o aborto em diferentes dimensões contextuais. O estudo contou com a participação de 198 estudantes universitários brasileiros e 237 espanhóis. Os resultados apontaram que o embrião, no Brasil, carrega um significado simbólico de vida e é visto como uma entidade autônoma, enquanto na Espanha ressaltam-se aspectos biológicos que fazem parte do estágio do desenvolvimento humano. No Brasil, o aborto ainda é associado como uma prática de criminalização e na Espanha os conteúdos representacionais encontram-se atrelados ao poder de decisão da mulher. Em conjunto, os resultados dos dois artigos apontam que, no Brasil, o nascituro é representado como um ser autônomo e portador do direito à vida, independente da vontade da mulher, o artigo 3, em andamento, tem como objetivo investigar em que medida a decisão de uma mulher de interromper uma gravidez fruto de uma violência sexual influencia na sua culpabilização secundária pela violência por ela mesma sofrida. Para alcançar esse objetivo, realizamos três estudos, dois destes estudos, com delineamento experimental (n total = 294 participantes). O primeiro e o segundo estudo apontaram que o Sexismo Benevolente é uma variável que impacta na culpabilização secundária da vítima de violência sexual em uma situação de aborto pós-estupro ((F (2, 153) = 9,89; p <.001). O terceiro estudo, encontra-se em andamento e pretende analisar as justificativas dos participantes acerca da culpabilização da vítima. Este conjunto de dados pressupõe que as variações históricas e culturais que atravessam uma sociedade podem ativar diferentes formas de oferecer e regular as representações sociais e seus desdobramentos nas tomadas de posições, sejam favoráveis ou desfavoráveis acerca dos objetos sociais.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1742381 - ANA RAQUEL ROSAS TORRES
Externo à Instituição - ANDERSON MATHIAS DIAS SANTOS
Externo à Instituição - JOSE LUIS ALVARO ESTRAMIANA
Externo à Instituição - LUIZA LINS ARAUJO COSTA