PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: SUIANE MAGALHAES TAVARES

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: SUIANE MAGALHAES TAVARES
DATA: 13/12/2023
HORA: 15:00
LOCAL: Google Meet
TÍTULO: O papel da Crença no Mundo Justo e da Vitimização Secundária na justiça para vítimas de violência sexual e agressores
PALAVRAS-CHAVES: Crença no mundo justo, vitimização secundária, violência sexual
PÁGINAS: 107
RESUMO: De acordo com a literatura sobre a reação das pessoas às situações de injustiça, o compromisso das pessoas com a busca pela justiça é um princípio que orienta a reação delas quando são defrontadas com tais situações. As pessoas são motivadas a reparar a injustiça promovendo a compensação da vítima pelo seu sofrimento e punindo os culpados pela situação de injustiça, respectivamente designados comportamentos de promoção da “justiça restauradora” e da “justiça retributiva”. Por exemplo, em situações de violência, as pessoas tendem a agir de maneira a compensar a vítima e punir o agressor. Porém, essa equação não é linear, pois a reação das pessoas perante estas situações depende do significado da pertença e do valor social das vítimas e dos agressores. Especificamente, na violência vivenciada pelas mulheres nas relações entre parceiros íntimos, que é onipresente na história das relações humanas, destaca-se a atribuição à vítima a responsabilidade pelo seu próprio infortúnio. Esse fenômeno é denominado de vitimização secundária e se manifesta de várias formas, incluindo a culpabilização da vítima, minimização do sofrimento dela e evitação do contato com a vítima de violência para nega-lhe o suporte social necessário para reparar a injustiça de que é vítima e omitindo punição dos agressores. No quadro desta dinâmica, uma questão crítica ainda por ser respondida é saber se, paradoxalmente, a motivação das pessoas para fazer justiça se relaciona com a menor reparação à vítima pelo seu sofrimento e com a absolvição do agressor em contexto de violência sexual extrema, como em situações de estupro. Além disso, até o momento, a literatura sobre essa questão tem dado pouca atenção ao modo como as pessoas reagem ao compensar e punir tanto a vítima quanto o agressor simultaneamente. Nesse cenário, com base na teoria da crença do mundo justo (CMJ), que postula que as pessoas são motivadas a agir como se acreditassem que o mundo é um lugar justo, onde todos recebem o que merecem e merecem o que recebem, esta tese propõe a hipótese de que a CMJ favorece as pessoas a julgarem a situação promovendo a vitimização secundária, formando um processo psicossociológico que pode explicar como homens e mulheres evitam compensar às vítimas de estupro e tendem a absorver os agressores. Para testar essa hipótese, propomos um programa de pesquisa composto em três artigos, estruturados da seguinte forma: no primeiro artigo, que consiste em quatro estudos, temos como foco apresentar evidências da validade de uma escala que mede diferenças individuais acerca da vitimização secundária de vítimas de estupro: culpabilização, evitação e minimização. No Estudo 1, foram desenvolvidos os itens da escala e analisada sua validação de conteúdo. No Estudo 2, realizou-se uma análise exploratória de sua estrutura fatorial e verificou-se a fixação dos itens em três fatores teoricamente previstos. No Estudo 3, confirmamos essa estrutura trifatorial por meio análise confirmatória. No Estudo 4, exploramos a validade preditiva da escala, propondo a hipótese de que a vitimização secundária medeia o efeito da CMJ sobre o comportamento dos participantes em relação a uma vítima de estupro. Os resultados mostraram que a vitimização secundária, especialmente a minimização e a culpa, explicam a relação entre a CMJ e o valor da indenização atribuído a uma vítima de violência sexual. No segundo artigo, de natureza correlacional, fomos além ao realizarmos um estudo com autores (Homens =102) e vítimas de violência (Mulheres = 97). Neste estudo, testamos a hipótese de que agressores compensariam menos uma vítima em comparação com as participantes que eram vítimas de violência, e que esse processo seria sequencialmente mediado pela CMJ e pela vitimização secundária. Os resultados mostraram que os agressores atribuíram menos indenização à vítima em comparação às participantes e atribuíram maior indenização ao agressor. No entanto, apenas a primeira relação foi explicada sequencialmente pela CMJ e vitimização secundária. No artigo três, Estudo 1, replicamos o estudo anterior, a fim de compreender como os indivíduos compensam vítimas e absolvem agressores. Para tanto, dessa vez, manipulamos informações sobre o comportamento da vítima em um desenho fatorial do tipo 2 (Time lag: Imediatamente vs. Após 1 mês) x 2 (Lócus: Polícia vs. Rede Social), com os participantes sendo alocados em uma de quatro condições. Recrutamos 227 homens da população geral, com idade entre 18 e 70 anos (M = 26,2; DP = 10,0). Os resultados deste último estudo ainda estão em fase de análise. Os resultados que obtivemos no conjunto de estudos, embora tenham confirmado nossas previsões, destacam a necessidade de pesquisas futuras para aprofundar nossa compreensão sobre como as pessoas reagem quando uma vítima é compensada e o agressor é punido. Nesse sentido, estamos atualmente conduzindo um segundo estudo em fase de coleta para aprofundar essa investigação.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2014467 - CARLOS EDUARDO PIMENTEL
Interno - 2204608 - CICERO ROBERTO PEREIRA
Interno - 3303515 - JAQUELINE GOMES CAVALCANTI SA
Externo à Instituição - ELZA MARIA TECHIO