PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: CAMILLA VIEIRA DE FIGUEIREDO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: CAMILLA VIEIRA DE FIGUEIREDO
DATA: 26/03/2024
HORA: 11:00
LOCAL: Ambiente virtual Online via google meet
TÍTULO: VIESES BASEADOS NA IDENTIDADE DE GÊNERO EM JULGAMENTOS DE DOR SOCIAL
PALAVRAS-CHAVES: Dor social; identidade de gênero; valor social; transgênero; comparação social.
PÁGINAS: 137
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
SUBÁREA: Psicologia Social
RESUMO: Experiências sociais aversivas ameaçam a saúde e o bem-estar ao provocar nos indivíduos dor social. Pesquisas anteriores apontaram a existência de vieses nos julgamentos de dor social de membros de diferentes grupos sociais. Essas descobertas indicam que endogrupos socialmente valorizados são considerados mais sensíveis à dor social em comparação com exogrupos socialmente desvalorizados. Contudo, esse efeito levanta uma questão crítica, uma vez que a dor é um atributo negativo e os indivíduos evitam situações dolorosas. Assim, atribuir mais dor social ao endogrupo desafia a motivação dos indivíduos para a distinção positiva (i.e., a tendência de fornecer atributos positivos ao endogrupo). Isso sugere que a dor social pode abranger diferentes significados dependendo da dimensão de comparação social presente nas relações intergrupais. Com base nesta premissa, desenvolvemos um programa de pesquisa para abordar a hipótese dos múltiplos significados da dor social e sua influência nos julgamentos de dor social em relação a indivíduos cisgêneros e transgêneros. Nossa tese é de que pessoas cisgênero atribuirão mais dor social a alvos transgêneros do que a alvos cisgênero quando a dimensão de comparação social entre esses grupos se basear no valor social das pertenças identitárias. Nessa dimensão, a dor social deve assumir o seu significado simbólico originalmente negativo e refletir a desvalorização social da identidade transgênero (i.e., dimensão simbólica da dor social). Paradoxalmente, quando a dimensão de comparação social envolver a obtenção de recursos para tratamento da dor social (e.g., receber assistência profissional em saúde mental), os cisgêneros atribuirão menos dor social aos alvos transgêneros (vs. cisgêneros). Nesse caso, a dor social deve assumir uma função utilitária de garantir o maior acesso a recursos assistenciais para o endogrupo (i.e., dimensão utilitária da dor social). Nessa tese, além de apresentar uma revisão da literatura sobre dor social e vieses nos julgamentos de dor social em relações intergrupais hierarquizadas, discutimos os significados da dor social implicados na dinâmica das relações cisgênero-transgênero, uma dinâmica relativamente pouco explorada na psicologia social (Capítulo 1). Nosso programa de investigação inclui quatro estudos empíricos organizados em quatro capítulos empíricos (Capítulos 2-5). Inicialmente, avaliamos a atribuição de dor social a alvos cisgêneros e transgêneros numa dimensão simbólica. Demonstramos que os cisgêneros atribuem mais dor social a transgêneros (vs. cisgêneros), especialmente a mulheres transgênero (Capítulo 2), e que essa atribuição está relacionada à desvalorização social da identidade transgênero (Capítulo 3). Quando aumentamos (vs. diminuímos) a valoração social da identidade transgênero, observamos uma redução do 8 viés em relação à dor social (Capítulo 4). Descobrimos que o viés de dor social ocorre exclusivamente para alvos com sexo masculino atribuído no nascimento (i.e., mulheres transgênero e homens cisgênero) e fornecemos evidências de que a dor social pode servir como um mecanismo para expressar a estigmatização das mulheres transgênero. No Capítulo 5, adicionamos evidências à hipótese dos significados variáveis da dor social, investigando se a atribuição de dor social às mulheres transgênero e aos homens cisgênero é influenciada pela dimensão de comparação social (simbólica vs. utilitária) em que a dor social é avaliada. Analisamos também a relação entre dor social e atribuição de suporte profissional aos alvos. Em geral, os resultados apoiaram nossa hipótese, revelando uma maior atribuição de dor e de suporte à mulher transgênero apenas quando os recursos de assistência à saúde não estavam salientes (i.e., na condição simbólica). Finalmente, no Capítulo 6, apresentamos uma discussão geral e observações finais sobre a pesquisa realizada nessa tese, incluindo as limitações do nosso programa de pesquisa e sugestões para futuras investigações nesta linha de pesquisa. Esse programa de investigação fornece a primeira evidência experimental de que a dor social pode assumir diferentes significados no contexto de relações intergrupais hierarquizadas. O viés de dor social pode, potencialmente, impactar o suporte em saúde mental a membros de exogrupos estigmatizados, como mulheres transgênero. Essas descobertas contribuem para a investigação da dor social ao apresentar mecanismos e funções da dor social ainda inexplorados, particularmente no complexo cenário das relações intergrupais baseadas na identidade de gênero. Elas ajudam a compreender a dinâmica dessas relações e têm implicações potenciais para a intervenção e tratamento da dor de pessoas transgênero.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2204608 - CICERO ROBERTO PEREIRA
Interno - 2014467 - CARLOS EDUARDO PIMENTEL
Externo à Instituição - ALINE VIEIRA DE LIMA NUNES
Externo à Instituição - LUANA ELAYNE CUNHA DE SOUZA
Externo à Instituição - RUI ALBERTO MORAIS COSTA DA SILVA LOPES