PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: RENATA PIMENTEL DA SILVA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: RENATA PIMENTEL DA SILVA
DATA: 20/11/2017
HORA: 08:30
LOCAL: sala 508 -CCHLA
TÍTULO: A INFLUÊNCIA DA COR DA PELE NO TEMPO DE ATENDIMENTO DE PACIENTES NEGROS EM UM CONTEXTO CLÍNICO
PALAVRAS-CHAVES: discriminação; intergoup time bias; formação de impressão.
PÁGINAS: 150
RESUMO: Na perspectiva das relações intergrupais, a própria divisão de pessoas em grupos predispõem avaliações enviesadas que, a partir de um processo de comparação social, tende-se a desenvolver um favoritismo pelo endogrupo e uma rejeição pelos membros dos exogrupos. Dentro dessa perspectiva, o fenômeno denominado Intergroup Time Bias – ITB mostra que o favoritismo grupal também ocorre em relação ao tempo investido nas relações sociais racializadas, ocorrendo uma diferenciação no investimento de tempo na avaliação de membros do endogrupo e exogrupo. Considerando que pessoas brancas investem mais tempo quando formam impressão de brancos do que de negros, questionou-se se este fenômeno ocorreria em processos de tomada de decisão em contextos socialmente críticos. Isto é, num contexto clínico, em que os médicos são requisitados a avaliar pacientes. Nesse contexto, o problema desta tese está assim formulado: será que eles investem mais tempo na avaliação de pacientes brancos do que de pacientes negros? Para responder essa pergunta realizou-se dois estudos empíricos cujo objetivo é testar a hipótese de que médicos investem mais tempos para pacientes brancos quando comprados com pacientes negros. O estudo 1, de caráter observacional e transversal, foi realizado em um Centro de Referência em Atenção à Saúde (CRAS) e consistiu na observação de atendimentos médicos de diversas especialidades, nos quais era cronometrado o tempo de duração das consultas. Nesse estudo as variáveis independentes foram a cor da pele do médico e a cor da pele do paciente, enquanto a variável dependente foi o tempo investido na realização da consulta. Foram realizadas 169 observações, sendo 78 atendimentos de pacientes brancos, 57 negros e 34 morenos. Uma ANOVA unifatorial mostrou que os médicos investiram menos tempo no atendimento de pacientes negros (M = 5,31) do que de pacientes brancos (M = 7,23) e morenos (M = 7,36) (F = 4,09, p = 0,02). Tal resultado ocorreu em todas as especialidades médicas observadas, demonstrando que a variação no tempo de atendimento ocorre, de fato, mediante cor da pele dos pacientes. Embora esse estudo comprove o efeito ITB no contexto de saúde, julgou-se necessário analisar tal fenômeno de modo mais controlado. Logo, realizou-se o estudo 2, no qual estudantes de medicina avaliaram um caso clínico de pacientes brancos e negros e indicaram hipóteses diagnósticas para o quadro clínico dos pacientes. O objetivo do estudo foi verificar a hipótese de que se houver o ITB na avaliação que estudantes de medicina fazem de casos clínicos, eles deverão investir mais tempo avaliando um paciente branco do que um negro (H1); como consequência do maior investimento de tempo em pacientes brancos, os estudantes de medicina deverão apresentar suas hipóteses diagnósticas de forma mais elaboradas (H2). Trata-se de um estudo experimental interparticipantes. Participaram 67 estudantes do intenato de Medicina de uma universidade pública. A amostra foi composta majoritariamente por homens (54,5%), com idade de 21 a 37 anos (M = 25,32; DP= 2,99). Os participantes responderam ao experimento no software E-prime. O experimento era dividido em duas etapas. A primeira consistia na Avaliação de Caso Clínico, onde era apresentado aos participantes um prontuário de atendimento de um paciente com a instrução de realizar uma avaliação do caso e a indicação de hipóteses diagnósticas. Nesta fase, o programa apresentava aleatoriamente a foto do paciente (branco ou negro), sendo que na condição controle, o prontuário não possuía a foto. A segunda etapa consistia em uma tarefa de formação de impressão, onde eram apresentadas fotos de homens (4 alvos brancos e 4 alvos negros) acompanhadas de 1 entre 16 traços. A tarefa dos participantes consistia em decidir se os traços apresentados eram apropriados ou não para caracterizar os alvos exibidos. Para as análises dos dados utilizou-se o software SPSS 20. Um teste t para amostras dependentes confirmou que na tarefa de formação de impressão, os participantes investem mais tempo na avaliação de pessoas brancas (M = 1,94, DP = 0,51) do que de pessoas negras (M = 1,89, DP = 0,50) e esta diferença é marginalmente significativa (t(78) = - 1,83, p = 0,07). Para a avaliação do tempo investido na análise do caso clínico realizou-se uma ANOVA, cujos resultados indicaram que não houve efeito principal da cor de pele no tempo de avaliação, F (2, 76) = 1,0, ns. No entanto, quando comparamos o número de hipóteses diagnósticas e a cor da pele do paciente, verifica-se que os pacientes brancos receberam um maior número de hipóteses diagnósticas (M = 1,65, DP = 0,79) do que os negros (M = 1,22, DP = 0,61) e a condição controle (M = 1,27, DP = 0,70) e esta diferença é significativa (F(8, 77) = 2,39, p <0,05). A diferença na atribuição de hipóteses diagnósticas devido à cor da pele do paciente parece-nos ser um indicador da qualidade do tempo utilizado, isto é, é possível que esse dado demonstre que os participantes utilizaram o tempo de avaliação do caso clínico de modo mais eficaz para o paciente branco.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1742381 - ANA RAQUEL ROSAS TORRES
Interno - 2204608 - CICERO ROBERTO PEREIRA
Externo ao Programa - 1657913 - NELSON TORRO ALVES
Externo à Instituição - ELZA MARIA TECHIO