Os efeitos da fração aquosa do extrato etanólico das folhas de Cissampelos sympodialis Eichl. na função erétil de ratos foram estudados utilizando abordagens in vivo e in vitro. A FAFCS causou relaxamento do corpo cavernoso isolado de rato pré-contraído com fenilefrina de maneira dependente de concentração (Log CE50 = 2,535 ± 0,062; Emáx = 93,404 ± 6,730%, n = 5), efeito que não foi atenuado na presença de L-NAME (Log CE50 = 2,583 ± 0,057; Emáx = 79,917 ± 3,085%; n = 4) e tetrodotoxina (Log CE50 = 2,349 ± 0,091; Emáx = 85,583 ± 3,133%, n = 4), descartando a participação da NO-sintase e da descarga nitrérgica no efeito relaxante. O efeito máximo foi significantemente reduzido na presença de ODQ (Log CE50 = 2,480 ± 0,069; Emáx = 70,973 ± 1,674%*, n = 3) e KT-5823 (Log CE50 = 1,904 ± 0,206*; Emáx = 53,046 ± 9,730%*, n = 5), o que sugere a participação da CGs e da PKG nesse efeito. Na concentração de 3000 µg/mL, a FAFCS aumentou significantemente o conteúdo de GMPc no tecido cavernoso (38,5* ± 4,7, n = 4) quando comparado ao grupo controle (16,9 ± 1,3, n = 4), sendo este efeito inibido na presença de ODQ (8,7 ± 0,5, n = 4), o que confirma a participação do GMPc no efeito relaxante da fração. A FAFCS causou relaxamento do corpo cavernoso isolado de rato pré-contraído com solução despolarizante de potássio 120 mM (Log CE50 = 1,011 ± 0,129*; Emáx = 59,068 ± 6,567%*), sendo esta significantemente menor em relação às preparações pré-contraídas com fenilefrina, sugerindo a inibição dos canais para cálcio dependentes de voltagem como mecanismo adicional de relaxamento. Foram realizados experimentos em que o modelo de diabetes induzido por estreptozotocina foi utilizado para a indução da disfunção erétil. Nessa abordagem, os animais foram divididos em cinco grupos sendo um grupo controle e quatro diabéticos. Dentre os diabéticos, dois grupos receberam tratamento com a FAFCS nas doses de 50 ou 100 mg/kg e um grupo recebeu sildenafila na dose de 1,5 mg/kg diariamente durante 24 dias. Os animais injetados com STZ tiveram um aumento significante da glicemia e redução do ganho ponderal (367,9 ± 27,7 mg/dL e 309,0 ± 19,0 g, respectivamente, n = 6) quando comparados ao grupo controle (100,0 ± 2,1 mg/dL e 547,9 ± 19,1g, respectivamente, n = 7) que não foram revertidos pelos tratamentos. Após esse período foram feitos testes in vivo e in vitro. O diabetes causou uma redução significante da relação ICP/MAP, característica de DE, (0,43 ± 0,09*, n = 4; 16 Hz) quando comparados ao controle (0,72 ± 0,03, n = 7; 16 Hz). Essa relação foi significante aumentada nos grupos tratados com a FAFCS 50 mg/kg (0,67 ± 0,05#, n = 5; 16 Hz), 100 mg/kg (0,62 ± 0,06#, n = 8; 16 Hz) e com a sildenafila (0,62 ± 0,07#, n = 6; 16 Hz) o que indica que são úteis para impedir o desenvolvimento da DE nesse modelo experimental. O relaxamento causado pela FAFCS no corpo cavernoso isolado dos ratos diabéticos foi significantemente reduzido (Emáx = 34,57 ± 11,45%, n = 4) em relação ao controle (Emáx = 65,01 ± 3,04*%, n = 4). Os tratamentos com a FAFCS na dose de 50 mg/kg (Emáx = 49,57 ± 7,36%, n = 4), 100 mg/kg Emáx = 54,33 ± 5,49%, n = 5) e com sildenafila (Emáx = 48,87 ± 7,69%, n = 3) foram capazes de impedir parcialmente a redução desse efeito. A responsividade do tecido cavernoso à fenilefrina foi significantemente aumentada (Emáx = 469,9 ± 38,1 mN/g, n = 4) em relação ao controle (Emáx = 288,0 ± 38,1 mN/g, n = 6) e esse efeito não foi atenuado em qualquer dos grupos tratados. A resposta contrátil ao estímulo elétrico foi significantemente maior no grupo STZ (1102,6 ± 114,1*, n = 4; 16 Hz) em relação ao controle (661,9 ± 50,0, n = 6; 16 Hz). Os diferentes tratamentos não atenuaram esse efeito. O relaxamento nitrérgico não foi alterado no grupo STZ bem como nos grupos tratados. A resposta relaxante para o NPS foi significantemente menor nos animais STZ (pD2 = 5,91 ± 0,19; Emáx = 74,53 ± 6,91%*, n = 4) em relação ao controle (pD2 = 5,70 ± 0,07; Emáx = 93,89 ± 3,88%, n = 7). Os diferentes tratamentos não melhoraram esse relaxamento. Foi estudado também o efeito da milonina, alcaloide 8,14-di-hidromorphinandienona isolado da fração aquosa do extrato etanólico das folhas de Cissampelos sympodilais, o qual apresentou efeito relaxante do corpo cavernoso isolado de rato pré-contraído com fenilefrina de maneira dependente de concentração (pD2 = 5,45 ± 0,15; Emáx = 80,33 ± 7,3%; n = 7). O relaxamento não foi alterado na presença de L-NAME (pD2 = 4,62 ± 0,19*; Emáx = 92,02 ± 3,01%; n = 6) e carboxi-PTIO (pD2 = 5,54 ± 0,29; Emáx = 67,25 ± 6,03%; n = 4), descartando a participação da NOS na resposta relaxante. A curva de relaxamento foi significantemente deslocada para a direita na presença de ODQ (pD2 = 4,09 ± 0,16*; Emáx = 68,38 ± 8,27%; n = 6), sugerindo a participação de CGs no efeito relaxante da milonina no tecido cavernoso. O relaxamento não foi alterado na presença de TEA, 3mM (pD2 = 5,24 ± 0,34; Emáx = 86,67 ± 6,90%; n = 5), descartando a participação dos canais para potássio no efeito relaxante do alcaloide. Esses resultados sugerem que a milonina é, ao menos em parte, responsável pelo efeito da FAFCS no corpo cavernoso isolado de rato. Como conclusão a FAFCS causa relaxamento do corpo cavernoso isolado de rato pela via CGs- GMPc-PKG e por inibir os canais para cálcio, além disso, melhorou a função erétil dos animais com diabetes induzida por STZ. Os efeitos da FAFCS podem ser explicados em parte pela presença da milonina, que causou relaxamento mediado pela CGs.