O gênero Piper L. é o maior da família Piperaceae, compreendendo pelo menos 1000 espécies, que se encontram distribuídas especialmente na região neotropical do globo terrestre e se destaca por suas propriedades medicinais, econômicas, químicas e culturais (anti-inflamatória, antibacteriana, anestésia e fungicida, dentre outros) Espécies do gênero Piper têm-se tornado fontes de pesquisa de classes específicas de metabólitos secundários com marcantes atividades biológicas, incluindo alcaloides, amidas, chalconas, cromenos, flavonoides, lignanas, terpenos e ciclopentanodionas , esteroides, derivados porfirínicos e derivados do ácido benzoico. Piper caldense C. DC., conhecida popularmente como “pimenta d’arda”, é utilizada na Paraíba como sedativa, antídoto para picadas de cobras, para dores de dente, bem como na forma de compressa no local afetado para alívio da dor. Este trabalho reporta o estudo fitoquímico das folhas e frutos de P.caldense C. DC., uma vez que as folhas da espécie são ainda pouco investigadas, e seus frutos pela primeira vez aqui relatados, objetivando o isolamento e identificação de seus constituintes químicos, bem como a disponibilização de seus extratos, frações e substâncias isoladas, para realização de estudos farmacológicos. Utilizando-se métodos cromatográficos usuais e técnicas espectroscópicas de IV e RMN de 1H e 13C uni e bidimensionais e a comparação dos dados com a literatura foi possível isolar e identificar das frações Fr Hex:CH2Cl2 (1:1) e Fr Hex:CH2Cl2 (25:75) do extrato etanólico bruto das folhas de Piper caldense C.DC, uma mistura de esteroides, sendo o β-sitosterol e o estigmasterol, da primeira, e duas substâncias porfirínicas, a 15-hidroxi-porfirionolactona A e a feofitina a, da segunda fração e, do extrato hexânico dos frutos, três derivados do ácido benzoico, compreendendo ao total, sete substâncias, cujas presenças são observadas em várias espécies vegetais sendo, no entanto, descritas pela primeira vez em Piper caldense C. DC. Os extratos hexânico e diclorometânico dos frutos e suas substâncias isoladas foram submetidas a ensaios microbiológicos, apresentando atividade antifúngica frente a leveduras do gênero Candida.