PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS (PPGPN)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: JOEDNA CAVALCANTE PEREIRA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: JOEDNA CAVALCANTE PEREIRA
DATA: 25/02/2016
HORA: 14:00
LOCAL: PPgPNSB
TÍTULO: A esponja Oceanapia sp. apresenta efeito dual sobre a motilidade gastrintestinal de roedores: ensaios in vitro e in vivo
PALAVRAS-CHAVES: Oceanapia sp., esponja, espasmogênico, espasmilítico, trânsito intestinal
PÁGINAS: 144
GRANDE ÁREA: Ciências da Saúde
ÁREA: Farmácia
RESUMO: Os produtos naturais marinhos tem atraído a atenção de pesquisadores por ser uma fonte em potencial para o desenvolvimento de medicamentos. As esponjas do gênero Oceanapia possuem cerca de 100 espécies distribuídas em mares tropicais de todo mundo. Alguns estudos com produtos marinhos demonstram atividade em músculo liso, entretanto para Oceanapia sp. não há relatos. Assim, decidiu-se avaliar as atividades farmacológica e toxicológica do extrato etanólico obtido da esponja Oceanapia sp. (OC-EtOH). Para os ensaios in vitro (n = 5), os segmentos do íleo de cobaia eram suspensos em banhos de órgãos, onde as contrações isotônicas e isométricas eram registradas. Já para os ensaios in vivo (n = 6), os camundongos eram divididos em grupos: controle negativo (solução salina + Cremophor®, v.o.), controle positivo (atropina, v.o.) e OC-EtOH (várias doses, v.o.), onde eram investigados o efeito do extrato sobre o trânsito intestinal normal e induzido por óleo de rícino. Todos os protocolos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da UFPB (Protocolo nº 146/2015). Na triagem farmacológica preliminar, o OC EtOH induziu uma contração dependente de concentração sobre o tônus basal de íleo de cobaia (CE50 = 48,6 ± 2,7 µg/mL). Já sobre o componente tônico da contração induzida por KCl e por histamina em íleo de cobaia, o extrato apresentou uma contração transiente (CE50 = 176,6 ± 32,6 e 73,5 ± 6,9 µg/mL, respectivamente), seguida de um relaxamento (CE50 = 103,9 ± 8,6 e 90,1 ± 9,2 µg/mL, respectivamente), ambos de maneira dependente de concentração. Diferentemente, quando a contração era induzida por carbacol, o extrato apresentou apenas um relaxamento dependente de concetração (CE50 = 97,1 ± 17,4 µg/mL). Na investigação do mecanismo espasmogênico, observou-se que na presença de diferentes concentrações de atropina, antagonista muscarínico, as curvas concentrações-resposta cumulativas ao OC-EtOH não foram deslocadas. Já na presença de pirilamina, antagonista de receptores histaminérgicos (H1), as curvas concentrações-resposta foram desviadas para a direita, de maneira não paralela, com redução na potência e na eficácia e abolição de seu efeito espasmogênico, sugerindo a participação dos H1 no efeito espasmogênico do OC EtOH. Semelhantemente, na presença de verapamil, bloqueador dos canais de cálcio dependentes de voltagem (CaV), as curvas concentrações-resposta cumulativas ao OC EtOH foram desviadas para a direita, de maneira não paralela, com redução na potência e na eficácia contrátil do extrato, sugerindo que o mecanismo de ação espasmogênica do extrato também envolve a ativação dos CaV. Na avaliação do mecanismo espasmolítico, observou-se que na presença pirilamina, o componente espasmogênico foi abolido e a potencia espasmolítica do OC-EtOH sobre contração tônica induzida por KCl (CE50 = 62,9 ± 9,9 µg/mL) foi potencializada. Como o passo comum da via de sinalização dos agentes contráteis utilizados são os CaV, investigou-se a participação destes no mecanismo de ação espasmolítica do OC EtOH. As curvas controle cumulativas ao CaCl2, na presença do extrato, foram desviadas para direita de forma não paralela e com redução do Emax. O OC EtOH também relaxou o íleo pré contraído com S ( ) Bay K 8644 (CE50 = 166,9 ± 17,8 µg/mL), um agonista dos CaV-1, demonstrando que o subtipo de CaV envolvido é o CaV1. Como a potência relaxante do OC EtOH foi maior quando o órgão foi pré-contraído com KCl + pirilamina do que pelo S ( ) Bay K8644 é sugestivo de que outros mecanismos estão envolvidos no efeito espasmolítico do OC EtOH. No ensaio de toxicidade aguda, o OC-EtOH (2000 mg/kg, v.o.) não induziu sinais de toxicidade em camundongos fêmeas (n = 6) nas condições experimentais avaliadas e a dose letal 50% é igual ou superior a 5000 mg/kg de acordo com o guia 423 da OECD. Como alguns compostos com atividade dual (espasmolítica e espasmogênica) em músculo liso são utilizados no tratamento da diarreia e constipação, decidiu-se investigar se o OC-EtOH apresentaria efeito sobre o trânsito intestinal de camundongos. Pode-se observar que o extrato aumentou o trânsito intestinal normal (DE50 = 477,6 ± 14,8 mg/kg) e inibiu o trânsito induzido por óleo de rícino (DE50 = 93,30 ± 7,2 mg/kg). Assim, conclui-se que o OC-EtOH apresenta efeito dual em íleo de cobaia promovendo contração via ativação dos receptores H1 e dos CaV e relaxamento pelo bloqueio dos CaV, além do efeito sobre o trânsito intestinal em camundongos, mostrando uma potencial utilização medicinal da esponja Oceanapia sp. em doenças intestinais como a diarreia e/ou constipação.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2337274 - FABIANA DE ANDRADE CAVALCANTE OLIVEIRA
Externo à Instituição - JOELMIR LUCENA VEIGA DA SILVA
Interno - 1889422 - TATJANA KEESEN DE SOUZA LIMA CLEMENTE