Banca de QUALIFICAÇÃO: ALEXANDRE JOSE BARBOSA DA CAMARA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ALEXANDRE JOSE BARBOSA DA CAMARA
DATA: 25/09/2025
HORA: 09:30
LOCAL: Google Meet
TÍTULO: INDEXAÇÃO DE XILOGRAVURAS ARTÍSTICAS POPULARES SOB O OLHAR DA GRAMÁTICA DO DESIGN VISUAL: A INTERTEXTUALIDADE E SIGNIFICADOS
PALAVRAS-CHAVES: Representação da informação imagética; Gramática do design visual; Xilogravura.
PÁGINAS: 141
RESUMO: Este estudo propõe uma análise das xilogravuras populares, especialmente as que conquistaram autonomia em relação às capas dos folhetos, a partir da aplicação da Gramática do Design Visual (GDV) de Kress e van Leeuwen (2000). A xilogravura, descendente da antiga arte e técnica chinesa de reprodução, apresenta no Brasil uma trajetória marcada pela dualidade entre a vertente erudita, de herança europeia e integrada a outras técnicas de gravura, e a vertente popular, que floresceu no Nordeste e gerou tipologias variadas. Para compreender essa complexidade, a descrição formal constitui um ponto de partida, que pode ser enriquecido pela consideração de dimensões semióticas e interpretativas, como valores simbólicos, contextuais e sociais. Panofsky inaugurou uma tradição metodológica na interpretação de imagens que influenciou propostas posteriores, como as de Shatford Layne, Ginette Bléry, Johanna Smit, Miriam Manini, Ricardo Crisafulli e Paulo Roberto Pato. No campo específico da xilogravura de cordel, destaca-se Raimunda Fernanda Santos, que, com base na Semântica Discursiva e na Folksonomia, propôs um caminho colaborativo de indexação, articulando figurativização e tematização com a participação de criadores e leitores. Nessa abordagem, a relação imagem-texto, busca gerar metadados semânticos que expressem com maior precisão os sentidos e significados culturais, considerando ainda as temáticas populares sistematizadas por Albuquerque (2013). Nesse contexto, a GDV torna-se um recurso especialmente pertinente para analisar as xilogravuras artísticas populares – tipologia na qual o texto não está diretamente vinculado à imagem. O modelo permite examinar a estruturação visual e simbólica das obras, reconhecendo a linguagem visual como um sistema regido por regras de combinação, hierarquia e significado. Suas metafunções – representacional, interativa e composicional – possibilitam compreender como essas gravuras constroem narrativas visuais, orientam o olhar do observador e instituem relações simbólicas por meio de elementos como vetores, contrastes e posicionamentos. A aplicação da GDV às xilogravuras artísticas favorece a identificação da intertextualidade que permeia essas obras, revelando referências culturais, estilos tradicionais e atualizações criativas. Ao mesmo tempo em que preservam a simbologia herdada da literatura de cordel, elas introduzem inovações estéticas e composicionais. Esse diálogo entre tradição e inovação evidencia que as xilogravuras artísticas não são meras ilustrações, mas documentos visuais autônomos, capazes de produzir sentido por si mesmos e de articular níveis intra-, inter- e extra-icônicos. Por fim, essa abordagem contribui para a valorização e a preservação das manifestações visuais populares, promovendo uma leitura semiótica mais aprofundada e reforçando seu papel na memória visual coletiva brasileira. Ao integrar análise técnica, interpretativa e cultural, o estudo reconhece a xilogravura artística como linguagem autônoma e expressão artística carregada de sentidos e intertextualidades que dialogam com múltiplos universos culturais e históricos.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 337145 - MARIA ELIZABETH BALTAR CARNEIRO DE ALBUQUERQUE
Interno - 1676516 - GRACY KELLI MARTINS GONCALVES
Interno - 293.421.983-68 - MARIA CLEIDE RODRIGUES BERNARDINO - UFCA
Interno - 081.236.673-53 - VIRGINIA BENTES PINTO - UFC
Externo à Instituição - FABIO ASSIS PINHO
Externo à Instituição - RAIMUNDA FERNANDA DOS SANTOS
Externo à Instituição - ROSANE S. ALVARES LUNARDELLI