PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA (PPGO)
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
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Notícias
Banca de QUALIFICAÇÃO: VALESKA MARIA SOUTO PAIVA
Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: VALESKA MARIA SOUTO PAIVA
DATA: 31/07/2025
HORA: 09:00
LOCAL: videoconferencia
TÍTULO: CUIDADO ODONTOLÓGICO DE PACIENTES COM DOENÇAS REUMÁTICAS AUTOIMUNES NO SUS: ANÁLISE ESPACIAL DO ACESSO NO BRASIL E AVALIAÇÃO REGIONAL DO IMPACTO BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA
PALAVRAS-CHAVES: Doenças Autoimunes; Saúde Bucal; Acesso ao Atendimento Odontológico; Política de Saúde Pública; Qualidade de vida.
PÁGINAS: 64
RESUMO: As doenças autoimunes sistêmicas, como a artrite reumatoide (AR), a esclerose sistêmica (ES) e o lúpus eritematoso sistêmico (LES), são condições inflamatórias crônicas de etiologia multifatorial que acometem múltiplos sistemas do organismo, com impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Além das manifestações sistêmicas, essas enfermidades apresentam repercussões relevantes na cavidade oral, como xerostomia, ulcerações, infecções oportunistas, doença periodontal e alterações na mucosa, exigindo acompanhamento odontológico contínuo e especializado. Essa necessidade é ainda mais crítica diante da imunossupressão decorrente do uso prolongado de corticosteroides e imunobiológicos. No Brasil, a criação da Política Nacional de Saúde Bucal, em 2004, no âmbito do programa Brasil Sorridente, marcou um avanço na reorganização e ampliação da atenção odontológica no Sistema Único de Saúde. Essa política promoveu a integração da saúde bucal à Estratégia Saúde da Família, com a formação de Equipes de Saúde Bucal e a criação dos Centros de Especialidades Odontológicas. No entanto, persistem desigualdades estruturais e regionais no acesso aos serviços odontológicos, sobretudo entre populações com doenças crônicas e necessidades específicas, como os pacientes com AR, ES e LES. Diante desse cenário, o presente estudo teve como objetivo analisar o acesso ao atendimento odontológico de pacientes com AR, ES e LES no Brasil, entre os anos de 2020 e 2024, utilizando dados públicos do SUS. Além disso, buscou-se, em uma segunda etapa, avaliar o perfil socioeconômico, a condição oral autorreferida e o impacto da saúde bucal na rotina de pacientes atendidos no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW/UFPB). Na primeira fase, foi conduzido um estudo descritivo, retrospectivo e com abordagem quantitativa, baseado em dados secundários obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. Foram coletadas informações sobre o número de pacientes diagnosticados com AR, ES e LES, além do número de atendimentos odontológicos realizados para esses grupos no período de 2020 a 2024. A partir desses dados, foi calculada a cobertura percentual de atendimentos odontológicos, definida como a razão entre o número de atendimentos e o total de pacientes diagnosticados, com estratificação por município, estado e região geográfica (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul). Os dados revelaram um aumento no número de pacientes diagnosticados e de atendimentos realizados ao longo do período, mas sem variações significativas na cobertura odontológica proporcional. Em 2020, a cobertura média nacional estava abaixo de 15%, chegando a aproximadamente 19% em 2024. A maioria dos municípios apresentou coberturas muito baixas ou inexistentes, mesmo havendo pacientes registrados com as comorbidades. Alguns poucos municípios alcançaram coberturas superiores a 80%, demonstrando fortes disparidades territoriais. As regiões Norte e Nordeste apresentaram os piores indicadores de cobertura, enquanto o Sudeste e o Sul concentraram os melhores resultados, provavelmente em razão de maior oferta de serviços especializados. Municípios de pequeno porte e com baixos indicadores socioeconômicos foram os que mais apresentaram lacunas assistenciais, revelando desigualdades preocupantes no acesso ao cuidado odontológico. Essas disparidades refletem a persistência de barreiras estruturais, logísticas e organizacionais, que comprometem a integralidade do cuidado e expõem os pacientes a riscos adicionais, como infecções bucais, perda dentária e piora da qualidade de vida. A ausência de protocolos clínicos específicos para o atendimento odontológico de pacientes com doenças autoimunes contribui para a fragmentação da assistência e possível subnotificação dos atendimentos. Nesse sentido, destaca-se a importância de capacitação permanente dos profissionais da atenção primária e da expansão de serviços especializados voltados para populações com condições crônicas. Na segunda fase da pesquisa, foram analisados dados primários obtidos por meio de entrevistas com pacientes com AR, ES e LES atendidos no ambulatório de reumatologia do HULW/UFPB. Utilizou-se um questionário estruturado para verificar a autoavaliação da saúde bucal, presença de lesões orais, uso de próteses e o impacto da saúde bucal na vida cotidiana. Os achados apontaram piora na qualidade de vida relacionada à saúde bucal. Além disso, queixas frequentes incluíram xerostomia, necessidade de prótese e infecções bucais recorrentes, sugerindo a uma maior necessidade de tratamento. Conclui-se que existe uma lacuna no atendimento odontológico de pacientes com doenças autoimunes sistêmicas no SUS, sobretudo em áreas de maior vulnerabilidade. A integração da saúde bucal nos protocolos de cuidado interprofissional e o fortalecimento das políticas públicas são medidas urgentes para a promoção da equidade, integralidade e efetividade da atenção em saúde. O presente estudo oferece subsídios para o planejamento de estratégias resolutivas, baseadas em evidências, com potencial para qualificar a assistência odontológica prestada a essa população em âmbito nacional, promovendo a produção de materiais educativos tanto para os pacientes, como para cada profissional de saúde responsável pela rede de assistência sobre essas comorbidades.
MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 2146025 - GILKA PAIVA OLIVEIRA COSTA
Presidente - 096.679.944-57 - MARIA HELENA RODRIGUES GALVAO - UFPE
Externo à Instituição - RAFAELA DA SILVEIRA PINTO